Nos últimos tempos, vários usuários do Spotify vêm reclamando nas redes sociais que o algoritmo do aplicativo de música está recomendando um artista que tem várias canções atacando o sistema eleitoral e autoridades, o que vai contra as diretrizes da plataforma.

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Ministro Alexandre de Moraes no STF
Alexandre de Moraes, Ministro do STF, é uma das autoridades atacadas por Boca Nervosa em suas canções (Imagem: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

O cantor em questão é Boca Nervosa, que, no Instagram, tem mais de 40 mil seguidores e indica fazer jingles políticos. Ele aparece em várias fotos e vídeos com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, entre outros.

Em suas letras, por exemplo, ele acusa o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e demais ministro, de realizarem a contagem dos votos nas eleições.

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“Xandão tem toda culpa de o Brasil ficar desconfiado. É eles mesmos que fazem a contagem que faz o resultado da apuração”, diz, em uma de suas letras.

Em outro trecho, ele debocha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “Ninguém mais pode desconfiar das urnas, virou um crime na nossa nação. Perdeu mané, o povo tá desconfiado e ninguém mais bota fé nesse TSE”, canta.

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Spotify recomendando músicas contrárias ao sistema eleitoral

  • Curiosamente, a plataforma firmou, em maio de 2022, parceria com o TSE para combate à desinformação nas eleições;
  • No acordo, o Spotify se comprometeu a fornecer recursos que pudessem direcionar os usuários a informações relevantes sobre o tema, bem como disse que derrubaria conteúdos que violassem a integridade do processo eleitoral;
  • Já em seus termos de uso, o serviço de streaming aponta que seus usuários não devem subir conteúdos que podem manipular ou interferir nos processos eleitorais.

Página do Spotify com as canções do cantor Boca Nervosa
Página do cantor Boca Nervosa no Spotify (Imagem: Rodrigo Mozelli/Olhar Digital)

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Quem é Boca Nervosa?

Edmar Marques da Silva, vulgo Boca Nervosa, é natural de Olímpia (SP) e tem quase 40 anos de carreira como cantor de pagode. Já participou de alguns programas de TV, como os de Jô Soares e Tom Cavalcante, para tratar de algumas de suas letras satíricas.

Mas, em 2016, passou a tratar de temas políticos a partir do álbum “Diário da Corrupção”, lançado pela Radar Records.

Nas composições recentes mais famosas, estão “Pagode do Barroso” e outra, na qual critica o julgamento do TSE que tornou Bolsonaro inelegível. Nela, ele afirma que o TSE e Moraes teriam apoiado Lula na última eleição.

“Vocês levaram dessa vez essa eleição / Juntando todos os partidos, vai pensar o capitão / Teve apoio do TSE e do Xandão /
De Instituto de Pesquisa, e toda a mídia que apoia ladrão / Nesse jeito nem Jesus ganharia essa eleição”, diz, em certo trecho da faixa.

O que diz o Spotify

O Intercept Brasil entrou em contato com o Spotify, que disse que “revisou o conteúdo das músicas mencionadas”, e elas seguem na plataforma e não quis se manifestar a respeito. O Olhar Digital também contatou a empresa e, a princípio, recebemos as regras da plataforma.

O trecho das regras que trata do tema é o seguinte: “Conteúdos que tentam manipular ou interferir nos processos eleitorais incluem, mas não estão limitados a:

  • representação deturpada dos processos cívicos que pode desencorajar ou impedir a participação das pessoas;
  • promoção de conteúdo enganoso para intimidar ou desencorajar os eleitores a participarem das eleições.”

A assessoria do Spotify ainda nos informou que, em breve, deve ter um posicionamento oficial. O espaço segue aberto e aguardamos o retorno.