Era para ser apenas uma atualização de sistema, mas virou um apagão cibernético. O tsunami de “tela azul da morte” no Windows mundo afora nesta sexta-feira (19) cancelou voos, desestabilizou aplicativos de bancos, tirou emissoras do ar. Com isso, muitos se perguntam: essa pane traz algum risco para mim?

Informações preliminares apontam que a pane ocorreu por conta do software Falcon Sensor, da CrowdStrike – empresa de cibersegurança que presta serviço para a Microsoft. Isso teria afetado o Azure, plataforma de computação em nuvem da big tech – o que causou instabilidade em aplicativos como Teams e PowerBI.

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O Olhar Digital repercutiu entre especialistas os riscos que o apagão cibernético poderia trazer para a segurança e se deixaria sistemas mais vulneráveis a ataques cibernéticos. Os consultados pela reportagem foram:

  • Arthur Igreja: especialista em tecnologia e inovação;
  • Diego Cruz: Engenheiro da computação, especialista em software, tecnologia, segurança digital e inteligência artificial;
  • Marcelo Branquinho: engenheiro eletricista com especialização em sistemas de computação e MBA em gestão de negócios; também é fundador e CEO da TI Safe.

Como o apagão cibernético impacta a segurança no mundo? Especialistas respondem

A pane ganhou a alcunha de “apagão cibernético” justamente por tirar sistemas do ar. Igreja aponta que justamente por terem sido derrubados, os sistemas, em alguma medida, não ficam atacáveis. Mas existe um porém.

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Pode aumentar uma brecha porque as empresas usam múltiplos sistemas. Então, vamos imaginar o seguinte: saiu parte do sistema e digamos que parte desse sistema esteja ligada à segurança. Outros sistemas podem ficar vulneráveis, já que essa é justamente a função primordial da CrowdStrike.

Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação
Vários cabos de internet conectados a um roteador
Apagão cibernético envolve usuários Microsoft e empresa de segurança cibernética (Imagem: Angelus_Svetlana/Shutterstock)

O engenheiro da computação Diego Cruz explicou que a falha na atualização do software da CrowdStrike faz os sistemas operarem por algum tempo em duas situações: com a versão antiga do software ou sem o software rodando.

“Nestes casos pode haver sim uma brecha de segurança para as grandes corporações”, diz Cruz. “[Isso porque] essas atualizações procuram sempre trazer correções de problemas gerais, como os de segurança.”

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Cruz também diz que os impactos do apagão cibernético no Brasil são inevitáveis. “As preocupações que a gente tem que ter são as mesmas de sempre. Manter os softwares atualizados, por conta de correções de segurança. E, principalmente, não depender 100% de apenas uma tecnologia. Senão, numa situação dessas, a pessoa corre risco de não ter acesso a recursos.”

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Ilustração de computador e cibersegurança
Apagão não foi ataque cibernético, mas foi incidente cibernético com consequências para a segurança, diz especialista (Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

No entendimento do engenheiro eletricista Marcelo Branquinho, a pane “não é um ataque cibernético, mas é um incidente cibernético”.

Considerando que os locais onde o CrowdStrike teve essa atualização ruim ficarão, por alguns momentos, sem proteção contra malware, é claro que ficam mais vulneráveis.

Marcelo Branquinho, engenheiro eletricista com especialização em sistemas de computação e fundador/CEO da TI Safe

O que se sabe sobre o apagão cibernético global

  • Um apagão cibernético causou a “tela azul da morte” no Windows mundo afora na madrugada desta sexta-feira (19);
  • A pane foi causada por uma atualização problemática do software de segurança Crowdstrike Falcon, utilizado nos sistemas operacionais da Microsoft;
  • Na Europa, Ásia e América do Norte, aeroportos e companhias aéreas enfrentaram atrasos e recorreram ao check-in manual. Bolsas de valores, emissoras de TV e hospitais no Reino Unido foram afetados;
  • No Brasil, houve relatos de instabilidade em serviços bancários e atrasos de voos;
  • A Microsoft confirmou que a falha foi corrigida ainda na manhã de sexta, embora alerte para a possibilidade de problemas residuais;
  • O Crowdstrike Falcon é um sistema de segurança amplamente adotado por redes corporativas para proteção contra softwares maliciosos e para a segurança de dados em servidores em nuvem.