Muito além da beleza: cientista brasileiro descobre os ‘riscos’ das auroras

Denny Oliveira trabalha na NASA e chegou à conclusão sobre partículas solares que formam o fenômeno
Por Rodrigo Mozelli, editado por Bruno Capozzi 22/07/2024 19h33, atualizada em 23/07/2024 21h00
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma equipe de cientistas liderada pelo brasileiro Denny Oliveira, que trabalha no Centro Goddard de Voos Espaciais da NASA, chegaram à conclusão que as partículas solares que formam as belas auroras que vemos no céu também podem estragar infraestruturas humanas.

Segundo o estudo, publicado na Frontiers in Astronomy and Space Sciences, as mesmas forças que criam as auroras são capazes de gerar correntes que podem danificar estruturas que conduzem eletricidade.

Partículas solares, auroras e relação com estruturas condutores de eletricidade

  • Auroras são causadas por partículas solares que tocam o campo magnético da Terra, ou por meio de choques interplanetários que comprimem o campo;
  • Os choques são feitos de partículas e ondas eletromagnéticas que vêm do Sol;
  • Elas também costumam gerar correntes geomagneticamente induzidas. Quanto mais fortes os choques interplanetários, mais intensas as correntes e as auroras;
  • Oliveira disse ao Frontiers que os choques interplanetários têm condições de afetar condutores de eletricidade localizados no solo terrestre com o passar do tempo.

simulação de partículas  solares deixando o Sol e indo para o campo magnético da Terra
Ação das partículas solares no campo magnético da Terra forma as auroras, mas também pode causar problemas em estruturas condutoras de eletricidade (Elena11/Shutterstock)

Segundo o cientista, “nosso trabalho mostra que correntes geoelétricas consideráveis ocorrem com bastante frequência após choques, e elas merecem atenção”.

Os choques que nos atingem de forma direta, supostamente, geram correntes induzidas mais fortes por comprimirem mais nosso campo magnético.

Leia mais:

Os pesquisadores estudaram como choques em vários ângulos afetam as correntes elétricas. Foi examinada uma base de dados de choques interplanetários, comparados então com leituras de correntes induzidas de forma geomagnética em gasoduto de gas natural localizado na Finlândia, em Mäntsälä. Essa região costuma ter presença de auroras.

A região auroral pode se expandir muito durante tempestades geomagnéticas severas. Normalmente, seu limite mais ao sul é em torno de latitudes de 70 graus, mas durante eventos extremos pode cair para 40 graus ou até mais, o que certamente ocorreu durante a tempestade de maio de 2024 — a tempestade mais severa nas últimas duas décadas.

Denny Oliveira, que trabalha no Centro Goddard de Voos Espaciais da NASA e líder do estudo, em entrevista ao Frontiers

Descobertas

Os autores descobriram que choques frontais geram maiores picos nas correntes induzidas de forma geomagnética pouco após o evento e durante a tempestade geomagnética que vem a seguir.

O ângulo do impacto é previsível até duas horas antes, o que permitirá aos cientistas a preparar proteções para as redes elétricas e demais estruturas que podem sofrer com a ação do choque.

Algo que os operadores de infraestrutura de energia poderiam fazer para proteger seus equipamentos é gerenciar alguns circuitos elétricos específicos quando um alerta de choque for emitido. Isso evitaria que as correntes induzidas geomagneticamente reduzissem a vida útil do equipamento.

Denny Oliveira, que trabalha no Centro Goddard de Voos Espaciais da NASA e líder do estudo, em entrevista ao Frontiers
Silhueta de homem contra aurora boreal no topo de uma montanha rochosa
(Imagem: Denis Belitsky/Shutterstock)

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.