O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse recentemente que abriria mão de sua candidatura à reeleição para se dedicar exclusivamente ao seu atual mandato. Sim, é um jeito bonito de admitir que ele perderia para o republicano Donald Trump na disputa de novembro. Trata-se também de uma saída nobre para o estadista, que viu sua campanha ruir após o péssimo desempenho em um debate.

Uma das primeiras ações do ainda presidente após a importante decisão foi tomada na última segunda-feira (22). O governo Biden anunciou um financiamento bilionário para projetos climáticos de alguns estados. Ao todo, 25 iniciativas dividirão um total de US$ 4,3 bilhões.

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A medida busca aproximar o país da meta estabelecida dentro do Acordo de Paris. No documento, o governo Biden prometeu reduzir as emissões de carbono dos EUA em pelo menos 50% até 2030.

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Ao injetar dinheiro nos estados, o presidente divide a responsabilidade com os governadores. E se prepara para que uma eventual vitória de Trump não paralise completamente a agenda ambiental americana.

Em seu primeiro mandato, Trump já deixou esse tema em segundo plano. Agora, se eleito, ele promete dobrar a aposta. Entre outras coisas, já indicou que pode tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, repetindo o que fez em 2017. À época, ele disse que o texto era injusto com os americanos — e que trabalharia por uma nova redação (que acabou não se concretizando).

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Novo pacote de Biden apoia tecnologia verde

  • Os US$ 4,3 bilhões poderão ser usados para implantar uma ampla gama de tecnologias de energia limpa – de fazendas solares e eólicas a carregadores de veículos elétricos.
  • No total, as autoridades esperam que os projetos cortem cerca de 971 milhões de toneladas métricas de emissões de CO₂ até 2050.
  • De acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA), isso equivale a eliminar a poluição climática de aproximadamente 5 milhões de lares americanos a cada ano no mesmo período.
Montagem com instrumentos geradores de energia eólica e solar
Dinheiro poderá ser gasto em iniciativas ligadas à energia limpa, como a eólica ou solar – Imagem: Maria Maltseva/Pixabay
  • Um dos projetos consiste na construção de uma infraestrutura de carregamento para EVs que trafegam pela I-95 em Nova Jersey, Connecticut, Delaware e Maryland.
  • Ao todo, esses estados devem receber quase US$ 250 milhões em financiamento.
  • Outro exemplo ocorre nas comunidades costeiras do sul do Alasca, que receberão mais de US$ 38 milhões para substituir sistemas de aquecimento a óleo por bombas de calor elétricas mais eficientes.
  • A maior quantia, porém, deve ir para a Pensilvânia, o segundo maior produtor de gás do país.
  • O estado vai receber US$ 396 milhões em financiamento federal para alavancar uma iniciativa batizada de “Rise”.
  • O projeto visa descarbonizar instalações industriais, que são a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa do estado.
  • Isso pode incluir eletrificar edifícios, substituir equipamentos de queima de combustível fóssil por aparelhos elétricos, instalar tecnologias para capturar emissões de CO2 no local ou recorrer à energia renovável.

Uma dose de política

O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, afirmou que essa é uma das maiores doações que o estado já recebeu na história.

“Este investimento nos ajudará a reduzir a poluição tóxica do ar, criar milhares de empregos, investir em nosso setor de energia e continuar o legado de liderança energética da Pensilvânia”, disse em comunicado.

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O texto acima é claramente político. Não que isso seja um problema. Pelo contrário. A política é essencial na condução do estado e da sociedade. Mas não dá para ignorar alguns elementos curiosos.

O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, aparece na lista de prováveis candidatos a vice na chapa democrata – Imagem: ZB Photos/Shutterstock

A Pensilvânia receber um dos maiores valores desse pacote não acontece à toa. Ela é considerada um estado-pêndulo, ou seja, um local que vota às vezes nos democratas, às vezes nos republicanos.

Os pêndulos normalmente definem as eleições americanas e, neste momento, Trump vence em 5 dos 6 mais importantes, incluindo a Pensilvânia. Os números do jornal The New York Times são de maio, mas não mudaram tanto assim nas últimas semanas.

O pacote pode ajudar os democratas a virar o jogo na Pensilvânia pelo menos. Ainda mais se o governador Shapiro se tornar vice da chapa de Kamala Harris. Isso, no entanto, é apenas especulação da imprensa americana. Por enquanto.

O mais importante agora é reconhecer a importância desse financiamento verde tech para o futuro sustentável do planeta. Mas sem perder de vista que nada é por acaso.

As informações são do The Verge.