A inteligência espacial é um dos oito tipos de inteligência teorizadas pelo psicólogo e estudioso Howard Gardner. Basicamente, a teoria a descreve como a capacidade do cérebro de interpretar o tamanho de objetos, a distância para alcançá-los, auxilia no processo motor de caminhar até eles e muito mais. Mas como isso vai mudar a IA?

Fei-Fei Li, pesquisadora e líder do departamento de inteligência artificial de Stanford, desenvolveu uma start-up cujos objetivos incluem aprimorar a interação da IA com o ser humano e o ambiente em volta por meio do design da inteligência espacial nesses softwares. A seguir, confira mais informações sobre a inteligência espacial, seu impacto na IA, e o porquê de isso ser importante.

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O que é a inteligência espacial?

Howard Gardner é um psicólogo com especialização na abordagem cognitiva-comportamental e foi o responsável por desenvolver a “Teoria das Inteligências Múltiplas”. Esta teoria alega que um único ser humano possui diferentes tipos de inteligências dentro de si e que cada uma delas funciona em conjunto durante nosso dia a dia.

Dentre elas, há a chamada “inteligência espacial”, que descreve como a nossa percepção sensorial (visão, olfato, tato e audição, por exemplo) e cognitiva (memória e interpretação) influenciam a noção humana de espaço, locomoção e manipulação.

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mapa retrata cada um dos oito tipos de inteligência, de maneira que cada uma está centrada dentro de um círculo
Mapa que exemplifica cada um dos oito tipos de inteligências (Reprodução: Tutor Mundi)

Em outras palavras, a inteligência espacial nos permite entender se o nosso corpo cabe em determinado espaço, qual a distância necessária para alcançar determinado lugar, a interpretação de onde determinada peça de um quebra-cabeça pode ser encaixada, a utilização da visão e da interpretação para saber onde estamos e para onde devemos ir, etc.

Dito isso, a inteligência espacial influencia diretamente a nossa rotina, seja em casa, na escola, no trabalho, no lazer ou em qualquer outra atividade: é algo intrínseco à vida humana.

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Como a inteligência espacial vai mudar a IA e por que ela é importante?

Nos últimos anos, fomos bombardeados com anúncios de diferentes empresas sobre o lançamento de diferentes inteligências artificiais e como elas podiam contar histórias, navegar na web, e responder questões difíceis. Mas, de forma geral, a maioria dessas IAs estão presas em uma tela. Portanto, o que aconteceria se um robô alimentado por IA, por exemplo, desenvolvesse o mesmo senso de inteligência espacial que um humano?

Imagem descreve uma mão robótica próxima de uma mão humana, e no meio delas há um chip simbolizando a inteligência artificial
Imagem ilustra a conexão entre humano e um robô alimentado por inteligência artificial (Imagem: Kitinut Jinapuck/Shutterstock)

É esse tipo de questionamento que os estudos da pesquisadora Fei-Fei Li devem responder, uma vez que a inteligência espacial for efetivamente conectada às IAs. Para tornar esse objetivo possível, ela deu início a empresa World Labs em abril deste ano, a fim de criar um processamento de dados visual similar ao humano e utilizá-lo numa IA. A pesquisadora ainda destaca que um dos principais objetivos é focado em treinar uma máquina para “compreender o complexo mundo físico e a inter-relação dos objetos dentro dele”.

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Mas, de forma mais precisa, como a inteligência espacial vai mudar a IA e por que ela é importante? Uma máquina alimentada por IA e com inteligência espacial conseguiria reconhecer e classificar diferentes tipos de objetos; conseguira ter uma noção mais exata de velocidade, planejamento e trajetória de movimento; manipular objetos em três dimensões (mover, modificá-los, separá-los por cor e tamanho, etc.); identificar onde está e para onde ir ao distinguir diferentes lugares, etc.

Sobre a sua importância, é provável que as grandes empresas varejistas sejam as que mais se beneficiariam disso. Isso porque robôs com inteligência espacial podem interagir com humanos e desempenhar serviços que envolvem a locomoção, porém, de forma mais eficiente do que robôs que possuem apenas sensores, por exemplo. Desta forma, seriam capazes de auxiliar nas grandes fábricas, montar peças e demais equipamentos eletrônicos, etc.

Fei-Fei Li realizou uma palestra para o TED Talks, em Vancouver, onde descreveu com mais detalhes sobre a importância de sua pesquisa. Assista abaixo: