Por muito tempo, o modo como os tratamentos com placebo – substâncias químicas sem efeito terapêutico – atuam no cérebro para mascarar a dor permaneceram um mistério incompreendido. Um novo estudo, porém, revelou que uma ponte entre o córtex e o cerebelo é a chave para acabar com a dor de um indivíduo sem qualquer tipo de analgésico.

Entenda:

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  • Pesquisadores descobriram que uma ponte entre o córtex e o cerebelo é responsável pelo chamado efeito placebo;
  • Em ensaios com camundongos, a expectativa de alívio da dor aumentou a atividade de neurônios e sinapses ao longo da ponte – mesmo quando foi usado tratamento placebo;
  • Com a descoberta, a equipe espera poder encontrar novas abordagens para o alívio de dores – incluindo distúrbios crônicos, cujo tratamento é desafiador;
  • O estudo foi publicado na revista Nature.
Pessoa cutucando reprodução pequena de cérebro em gesso com uma agulha
Estudo resolve mistério sobre efeito placebo no alívio de dores. (Imagem: Shidlovski/iStock/Getty Images)

Em comunicado, Greg Scherrer, líder do estudo publicado na revista Nature, explica: “é completamente inesperado que neurônios em nosso córtex cerebral se comuniquem com a ponte e o cerebelo para ajustar os limites da dor. Nossos resultados abrem a possibilidade de ativar essa via por outros meios terapêuticos, como medicamentos ou métodos de neuroestimulação.”

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Efeito placebo é fruto da sua cabeça – literalmente!

A equipe conduziu ensaios com camundongos e descobriu que, ao longo da ponte que conecta a parte frontal do cérebro ao cerebelo, a atividade dos neurônios e sinapses aumentava muito com a antecipação do alívio da dor – mesmo nos casos em que nenhum medicamento real tinha sido administrado.

Ao longo da ponte, as células em amarelo (esquerda) recebem informações das células verdes no córtex cingulado (direita). (Imagem: Scherrer Lab, UNC School of Medicine)

Nas ocasiões em que os camundongos foram medicados com placebo, os pesquisadores perceberam que os neurônios do córtex cingulado anterior (CCA) enviaram sinais para os núcleos da ponte, que, até onde sabemos, não possuem nenhuma ligação com a dor ou o alívio dela. Ao longo do caminho, outros sinais também foram ativados.

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“Quando inibimos a atividade na via, percebemos que estávamos interrompendo a analgesia placebo e diminuindo os limiares de dor. E então, na ausência do condicionamento placebo, quando ativamos a via, causamos o alívio da dor”, diz Scherrer.

A equipe acredita que a descoberta possa ajudar a encontrar novas abordagens para o alívio de dores – incluindo distúrbios crônicos, de tratamento complexo.