As bactérias então desenvolvendo resistência aos antibióticos, tornando o nosso arsenal de tratamento cada vez menos eficaz. Um novo antibiótico de dupla ação promete tornar a resistência bacteriana (quase) impossível.

Pesquisadores da Universidade de Illinois em Chicago (UIC) combinaram as ações de duas classes de antibióticos em uma. Segundo Alexander Mankin, professor de ciências farmacêuticas na UIC e coautor do estudo, este antibiótico “mata” bactérias “por meio de dois alvos diferentes”

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Como o novo antibiótico impede a evolução de superbactérias

  • O “segredo” começa com a classe de antibióticos chamada macrolídeos, usada há décadas para tratar várias infecções bacterianas (eles terminam em ‘–micina’, como a Eritromicina, por exemplo);
  • Eles interrompem o crescimento bacteriano ao se ligarem ao ribossomo da bactéria, sua maquinaria produtora de proteínas, inibindo a síntese de proteínas;
  • Já as Quinolonas são uma grande família de antibióticos de amplo espectro. Quase todas terminam em ‘–floxacino’ (Ciprofloxacino é um exemplo comum);
  • Esses antibióticos funcionam interferindo na síntese de DNA bacteriano;
  • No estudo, pesquisadores experimentaram sintetizar um novo antibiótico capaz de agir como os dois citados antes, ou seja, inibindo a síntese de proteínas e interrompendo a síntese de DNA.

Se o antibiótico atingir ambos na mesma concentração, as bactérias “perdem a capacidade de se tornarem resistentes por meio da aquisição de mutações aleatórias”, explicou Mankin em estudo publicado na revista Nature Chemical Biology.

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Novo antibiótico de dupla ação promete tornar a resistência bacteriana (quase) impossível. (Imagem: Adul10/Shutterstock)

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Os pesquisadores descobriram o que chamaram de MCX-128, uma combinação que interferiu em ambas as funções em menor dose efetiva, se destacando como o candidato mais promissor para um novo antibiótico.

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(Imagem: Fahroni/Shutterstock)

“A vantagem é que você torna quase impossível para as bactérias criarem facilmente uma defesa genética ”, explicou Yury Polikanov, professor de ciências biológicas e outro autor correspondente do estudo. Com base nos resultados, os pesquisadores estimam que o novo antibiótico “tornaria 100 milhões de vezes mais difícil para as bactérias desenvolverem resistência”.