Rituais, como enterros e cerimônias religiosas, é um dos elementos que narram como a humanidade evoluiu e se tornou mais complexa. Por conta disso que essa descoberta feita na Austrália é tão importante: pesquisadores encontraram fragmentos de fogueiras que datam que última era do gelo e indicam que os povos que viviam na região já tinham uma sociedade indígena complexa que mantém tradições semelhantes até hoje.

A pesquisa feita pela Universidade Monash desenterrou evidências de rituais que datam de 500 gerações. As escavações arqueológicas revelaram duas pequenas fogueiras, cada uma com um único pedaço de madeira moldado embutido dentro. A fogueira de cima era do tamanho da palma de uma mão humana, com uma haste de Casuarina (um tipo de árvore típico da Austrália) parcialmente queimada em meio às cinzas.

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Uma análise revelou que os gravetos foram untados com gordura (animal ou humana) e são de 11.000 e 12.000 anos atrás, respectivamente, marcando o fim da Última Era Glacial. Análises antigas já mostraram que esse tipo de fogueira pode ser parte de um ritual.

ritual caverna
Professor Bruno David e Russell Mullett na caverna Cloggs (Imagem: Divulgação)

O que esse tipo de ritual indica?

Os mulla-mullung, curandeiros do povo GunaiKurnai, tiveram seus hábitos analisados há cerca de 200 anos, e faziam rituais de cura parecidos com os possivelmente identificados na pesquisa recente. O ritual envolvia prender algo pertencente ao doente na ponta de um bastão de arremesso untado com gordura humana ou de canguru. O bastão de arremesso era então cravado inclinado no chão antes que uma fogueira fosse acesa por baixo dele.

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“É simplesmente incrível que esses artefatos sobrevivam. Eles estão nos contando uma história. Eles estão esperando aqui todo esse tempo para aprendermos com eles. Um lembrete de que somos uma cultura viva ainda conectada ao nosso passado antigo. É uma oportunidade única de poder ler as memórias de nossos ancestrais e compartilhar isso com nossa comunidade”, disse o pesquisador Russell Mullett ao site da universidade. 

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“A conexão dessas descobertas arqueológicas com as práticas recentes de GunaiKurnai demonstra 12.000 anos de transferência de conhecimento”, completou o professor Bruno David, do Centro de Estudos Indígenas Monash.

É importante destacar que o povo GunaiKurnai existe e prática esse mesmo ritual até os dias de hoje, o que indica que a prática tem séculos de existência, mantendo a tradição do povo.