Google e Meta realizaram campanha publicitária secreta para adolescentes

As empresas teriam aproveitado uma brecha das políticas de publicidade para veicular anúncios intencionalmente para jovens
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 08/08/2024 19h06, atualizada em 03/09/2024 14h22
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Imagem: Koshiro K/Shutterstock
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Um novo relatório do Financial Times revelou uma controversa iniciativa publicitária envolvendo Meta e Google, onde as empresas supostamente veiculavam anúncios do Instagram direcionados a adolescentes no YouTube, em violação das próprias diretrizes de publicidade do Google.

Segundo o relatório, as big techs colaboraram secretamente em uma campanha que exibia anúncios do Instagram para usuários de 13 a 17 anos na rede social de vídeos. Esta campanha desrespeitou abertamente os regulamentos do Google, que proíbem explicitamente a publicidade a indivíduos com menos de 18 anos.

Além disso, o relatório revela que estes anúncios foram direcionados para uma categoria identificada como “desconhecida” no sistema de publicidade do Google – um rótulo utilizado quando idade, sexo ou outros detalhes demográficos não são explicitamente conhecidos.

No entanto, foi revelado que o Google poderia concluir com precisão que esses usuários “desconhecidos” eram provavelmente adolescentes, com base em dados de downloads de aplicativos e atividades online.

Isso permitiu que ambas as empresas contornassem efetivamente as restrições que o Google implementou em 2021, que tinham como objetivo evitar que os anúncios fossem direcionados a menores com base em sua idade, sexo ou interesses.

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Os anúncios no YouTube pretendiam trazer mais jovens de 13 a 17 anos para o Instagram à medida que o domínio do TikTok cresce – Imagem: Koshiro K/Shutterstock

Detalhes da campanha que visou adolescentes

  • A campanha, que teria sido orquestrada com a ajuda da agência de publicidade Spark Foundry, sediada nos EUA, foi inicialmente veiculada no Canadá no início deste ano e foi testada nos EUA em maio.
  • O plano era eventualmente expandir esta campanha globalmente e usá-la para promover serviços adicionais, como o Facebook.
  • O momento da campanha coincidiu com um declínio na receita publicitária do Google e uma mudança do público mais jovem do Meta para plataformas concorrentes como o TikTok.

Assim que a campanha foi exposta, o Google iniciou uma investigação e encerrou imediatamente o programa. Em resposta à polêmica, a empresa emitiu um comunicado afirmando: “Proibimos que anúncios sejam personalizados para menores de 18 anos, ponto final”.

A empresa também se comprometeu a reforçar as suas políticas com as suas equipes de vendas para evitar violações semelhantes no futuro.

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O Google afirma ter um histórico de iniciativas destinadas a proteger crianças e adolescentes online (Imagem: Danishch/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.