Esta sexta-feira (9) foi marcada pela maior tragédia aérea em solo desde 2007. Um avião que saiu de Cascavel (PR) em direção ao Aeroporto de Guarulhos (SP) caiu à tarde em Vinhedo (SP). Havia 61 pessoas a bordo. Nenhuma sobreviveu.

Ao todo, eram 57 passageiros e quatro tripulantes. Ele caiu no condomínio Recanto Florido, localizado no bairro Capela, mas não há vítimas entre moradores. Informações do Corpo de Bombeiros apontam que o local da queda é um terreno, cujo dono, Luiz Augusto de Oliveira, em entrevista ao UOL, afirmou que estava em casa com a esposa e uma funcionária na hora da tragédia. Eles viram chamas no avião e os corpos das vítimas no entorno.

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O avião era um de modelo ATR-72, que deixou o Paraná às 11h58 e deveria pousar em Guarulhos (SP) às 13h45. Imagens de radar mostram que o trajeto da aeronave seguia normal, até uma mudança abrupta e seu sumiço bem em cima de seu local de queda.

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Mapa mostrando região da queda do avião
Mapa mostra região da queda (Imagem: Reprodução/Google)

A queda teria sido por volta das 13h22, pois, segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o voo, de prefixo 2Z2283, da Voepass, estava normal até 13h20, mas, das 13h21 em diante, a aeronave parou de responder às chamadas da torre de controle de São Paulo (SP), além de não ter reportado estar sob condições meteorológicas adversas, nem declarado emergência. “A perda do contato ocorreu às 13h22”, disse a FAB.

Vários vídeos que circulam na internet mostram o avião em queda livre e dos destroços, além de que diversas testemunhas relatam que o avião estava com um barulho anormal quando começou sua queda brusca.

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Segundo nota da companhia aérea, o avião tinha condições de voar e não possuía restrições. O Cenipa, responsável pela investigação, disse, em coletiva de imprensa, ser prematuro apontar as causas do acidente.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) corroborou as informações da Voepass e disse que não só o avião estava em condições regulares para voar, com certificados de matrícula e aeronavegabilidade em ordem, bem como as documentações dos tripulantes estavam em dia.

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No início da noite, a FAB e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), informaram que as caixas-pretas da aeronave foram recuperadas. Elas serão enviadas para Brasília (DF), onde serão analisadas e devem ajudar a entender as causas do acidente.

Freitas, que esteve no local, ao lado do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), entre outras autoridades, informou que montou um gabinete de crise na casa de um morador do condomínio para acompanhar a tragédia e que, em breve, os corpos serão removidos do local.

Eles serão levados para o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo (SP) e, após o trabalho de identificação, serão liberados para traslado para Cascavel (PR). O IML de São Paulo tem “setores que vão atender melhor o caso do que o IML de Campinas”, tais como serviços de antropologia e odontologia lega, informou o secretário de segurança pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Polícia Militar estão trabalhando no local. A Perícia já esteve no local e especula-se que os trabalhos seguirão madrugada adentro.

Notas de órgãos e instituições sobre o acidente aéreo

A seguir, confira a íntegra das notas enviadas à imprensa de FAB, Voepass, Aeroporto Regional de Cascavel (PR) e Ministério de Portos e Aeroportos:

FAB

A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foi acionada para atuar na ocorrência da queda da aeronave da Passaredo, de matrícula PTB 2283, registrada na tarde desta sexta-feira (09/08), em Vinhedo (SP).

Investigadores do CENIPA e do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro, localizados em São Paulo, já estão a caminho para realizar a Ação Inicial da ocorrência.

FAB, em nota

Voepass

A VOEPASS Linhas Aéreas informa a ocorrência de um acidente envolvendo o voo 2283- avião PS – VPB, nesta terça-feira, dia 09 de agosto, na região de Vinhedo/SP.

A aeronave decolou de Cascavel/PR com destino ao Aeroporto de Guarulhos, com 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo.A VOEPASS acionou todos os meios para apoiar os envolvidos. Não há ainda confirmação de como ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo.

A Companhia está prestando, pelo telefone 0800 9419712, disponível 24h, informações a todos os seus passageiros, familiares e colaboradores.A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição operacional, com todos os seus sistemas aptos para a realização do voo.

Voepass, em nota

Aeroporto de Cascavel (PR)

A gestão do Aeroporto Regional de Cascavel informa que aguarda informações da companhia aérea Passaredo que, no momento, é o único órgão que detém informações oficiais.

Uma operação padrão de emergência regida pela equipe do Aeroporto está em curso para entrar em contato com as famílias de possíveis vítimas.

A aeronave que saiu do Aeroporto Regional de Cascavel com destino a Guarulhos, caiu na cidade de Vinhedo, São Paulo, na tarde desta sexta-feira (9).

Aeroporto Regional de Cascavel (PR), em nota

Ministério de Portos e Aeroportos

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) lamenta profundamente o acidente envolvendo a aeronave com passageiros, ocorrida em Vinhedo-SP, no início da tarde desta sexta-feira (9), e manifesta solidariedade aos familiares e amigos das vítimas.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está acompanhando a prestação do atendimento aos familiares pela empresa aérea, bem como adota as providências necessárias para averiguação da situação regulamentar da aeronave e dos tripulantes, no âmbito de suas atribuições.

O Governo Federal acompanha ainda os desdobramentos das investigações oficiais sob competência do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Ministério de Portos e Aeroportos, em nota

Imagem próxima do avião pegando fogo
Desastre é o quinto mais mortal da história aérea brasileira (Imagem: Reprodução/Redes Sociais)

O acidente

  • Às, 11h52, o avião demonstrou uma primeira falha, quando teve queda brusca em sua velocidade: de 529 km/h, caiu para 398 km/h em apenas 30 segundos. A pane se repetiu às 13h20. Especialistas informam que isso pode siginificar problema no fluxo combustível;
  • A aeronave estava a 5.242 m de altura, altitude que pode provocar a formação de gelo nas aeronaves, que possuem sistema para degelo;
  • Ele despencou quase quatro mil metros em apenas dois minutos. O avião estava a 17 mil pés de altitude e a quatro mil às 13h22, momento no qual a ferramenta de rastreamento do voo perdeu o sinal de GPS da aeronave;
  • Como os vídeos mostram, o avião caiu em uma “parafuso chato”;
  • Ao cair no chão, ele explodiu, matando todos a bordo;
  • O processo de resfriamento dos destroços terminou no início da noite desta sexta-feira (9), permitindo o início do trabalho de perícia e resgate dos corpos.

Quais podem ter sido as causas?

Em entrevista coletiva realizada na noite desta sexta-feira (9), o CEO da Voepass, Eduardo Busch, não descartou a hipótese de acúmulo de gelo nas asas, mas garantiu que o avião “estava 100% operacional no momento da decolagem”.

Ele também não descarta a chance de ter havido pane no ar, mas afirmou que apontar as causas da queda, no momento, é “mera especulação”.

Já o diretor de operações da Voepass, Marcel Moura, informou que a aeronave passou por manutenção em Ribeirão Preto (SP) na noite de quinta-feira (8) e que nenhum problema foi encontrado.

O ATR tem características de voo, tem sensibilidade um pouco maior à situação de gelo. Então, a hipótese [de congelamento] não é descartada, como também nenhuma hipótese é descarta neste momento. O Cenipa já está em ação.

Marcel Moura, diretor de operações da Voepass, em coletiva de imprensa

O Olhar Digital entrevistou Roberto Peterka, especialista em segurança de voo. Ele explicou os passos iniciais da investigação: “vai se estudar o piloto, como é que foi o treinamento, como é que ele era, o aspecto físico, aspecto psicológico, a máquina em si, o que funcionava, o que não funcionava, e a ideia geral é de que realmente teve um possível estol [quando o avião perde sustentação e afunda]”, disse.

“Havia um alerta de que nesse nível que ele estava voando, naquela região, haveria condições severas com possível formação de gelo”, continuou.

Gerardo Portela, engenheiro especialista em risco e segurança, complementa: “Precisa ter certa velocidade para ela ficar em pé, em equilíbrio que a gente chama de dinâmico. Se ela parar totalmente ou se a velocidade ficar muito baixa, ela pode cair”, explicou.

A aeronave é a mesma coisa, ela possui uma aerodinâmica que já define qual é essa velocidade que ela precisa manter para não perder a sustentação de motor, lembrando que essa aeronave era uma aeronave bimotor, ou seja, se um motor falhar é possível manter o voo com uma só turbo hélice e isso é de projeto feito justamente para conferir uma maior confiabilidade ao equipamento.

Gerardo Portela, engenheiro especialista em risco e segurança, em entrevista ao Olhar Digital

Portela aponta outra hipótese que possa ter comprometido a aeronave: o plano de voo. “Uma outra possibilidade é um plano de voo que não tenha considerado as condições climáticas dentro da realidade que a aeronave enfrentou durante o voo. Ou esse plano foi mal elaborado, não considerou os parâmetros climáticos, ou não foi atualizado ao longo do voo, porque essas condições podem se modificar”, explanou.

Quando o piloto encara condição adversa que supera a capacidade daquela aeronave, ele tem que se desviar, fazer o desvio da aeronave dessa tormenta, dessa tempestade e em alguns casos até fazer um pouso de emergência no aeroporto que ele sempre tem no seu plano de voo como possibilidade de pouso de emergência.

Além disso pode ter havido falha qualquer de operação, ou, mesmo, de fatores humanos, como a consciência situacional do piloto e do copiloto falharem no sentido de não perceberem a situação da aeronave em relação ao horizonte, em relação à altitude, em relação às condições climáticas e alguma manobra errada ser feita.

Gerardo Portela, engenheiro especialista em risco e segurança, em entrevista ao Olhar Digital

“Além disso, é possível que algum equipamento da aeronave tenha falhado. Existem vários equipamentos importantes obviamente numa aeronave, sistemas hidráulicos, sistemas de aviônica que é a eletrônica do avião que precisam estar íntegros durante o voo, porque, na falha deles, isso pode causar sim um descontrole e, até mesmo, um estol”, prosseguiu.

Mapa de radar do avião no instante em que caiu
Mapa mostra trajetória do avião até o momento em que muda bruscamente a rota e cai (Imagem: Reprodução/FlightRadar)

Peterka disse que a forma como o avião caiu é chamado de parafuso chato, que difere do parafuso normal:

Parafuso normal é de cabeça para baixo rolando, girando, vocês podem ver em acrobacias aéreas, e o parafuso chato é o avião girando, mas com ele na horizontal, e é difícil tirar o avião dessa posição, então, aparentemente, pode ser um dos fatores que contribuíram.

Roberto Peterka, especialista em segurança de voo, em entrevista ao Olhar Digital

O especialista informou ainda que o acúmulo de gelo na asa pode se desolcar onde batem as moléculas de ar, passando por cima ou por baixo da asa, não dando sustentação e criando uma “sombra” na parte de trás da asa, onde ficam os controles do avião. Há um alerta na cabine para formação de gelo nas asas, segundo Peterka.

Por isso é que esse avião, por estar certificado para voar, devia ter equipamento que elimina esse gelo acumulado. À medida que vai acumulando, ele, ou liga o equipamento elétrico que faz um aquecimento em todo o bordo de ataque, ou existe um outro sistema pneumático que vai correndo por dentro da asa e vai quebrando o gelo, para a asa voltar a ser um aerofólio, como ele é projetado, visando dar sustentação.

Roberto Peterka, especialista em segurança de voo, em entrevista ao Olhar Digital

Peterka também disse que, na altitude na qual o avião estava antes de cair, a temperatura externa costuma ser de cerca de -50 ºC. Além disso, informou que é difícil estimar o tempo que a investigação vai durar.

Quanto tempo é difícil dizer, porque são muitas variáveis. Os psicólogos vão ter que levantar os perfis psicológicos dos pilotos e vai ter que fazer uma análise das questões fisiológicas dos últimos exames que eles fizeram. A leitura da caixa preta, por exemplo, pode ser que não tenha aqui no Brasil, tendo que ser levado para a França, para o fabricante, é acompanhado pelo pessoal do Cenipa. Lógico e, se for o caso, acompanhado por uma autoridade policial e fazer a degravação lá na França.

Roberto Peterka, especialista em segurança de voo, em entrevista ao Olhar Digital

Portela comentou sobre a segurança do ATR-7250, indicando que esse modelo é seguro para voar.

O ATR 7250 já é considerado uma aeronave, como toda aeronave homologada, confiável, segura, desde que operada dentro de um rigoroso programa de manutenção e com as boas práticas de pilotagem e direciamento de voo. Isso inclui plano de voo adequado às limitações que toda aeronave possui e a manutenção, estando em dia, além dos equipamentos da aeronave e uma pilotagem correta e adequada, uma boa gestão de voo.

Gerardo Portela, engenheiro especialista em risco e segurança, em entrevista ao Olhar Digital

“É verdade que de perda de vidas humanas, mas são por meio dos próprios acidentes que a gente consegue fazer o aprendizado das investigações e gerar as recomendações após o acidente. Essas sim é que são as únicas coisas que nós podemos aproveitar de uma tragédia como essa. É aprender para que não se repita novamente a mesma tragédia”, finalizou Portela.

Gráfico mostrando constância do voo
Gráfico mostra constância do voo; percebe-se a queda brusca de velocidade em três oportunidades e a queda (Imagem: Reprodução/FlightAware)

Como é o ATR-72

O modelo da aeronave turboélice é o ATR-72-500, com capacidade para 68 passageiros e é muito usado em rotas regionais. Ela é fabricada pela ATR, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, com sede na França.

O ATR-72-500 é conhecido por sua eficiência em voos de curta distância, operando em altitudes de até dez mil pés (cerca de três mil metros) e atingindo uma velocidade máxima de 510 km/h. Além disso, o modelo pode transportar um peso máximo de sete mil quilos em serviço, o que o torna ideal para voos regionais com demanda variada de carga e passageiros.

Características técnicas

  • O ATR-72-500 tem capacidade para até 68 passageiros em configuração padrão, além de uma tripulação de quatro membros;
  • Está equipado com motores Pratt & Whitney PW127, que proporcionam potência e eficiência em rotas curtas e médias;
  • A aeronave pode atingir velocidade de cruzeiro máxima de 510 km/h;
  • Com capacidade de combustível de aproximadamente cinco mil litros, o ATR-72-500 pode cobrir distâncias de até 1,5 mil quilômetros, dependendo das condições de carga e operação;
  • Opera em altitudes de até 25 mil pés (cerca de 7,6 mil metros), embora a altitude de cruzeiro ideal seja mais baixa, em torno de 15 mil a 20 mil pés;
  • O peso máximo de decolagem é de aproximadamente 23 toneladas , incluindo a aeronave, passageiros, tripulação, combustível e carga.

O ATR-72-500 é amplamente utilizado por companhias aéreas em todo o mundo, especialmente em regiões onde a infraestrutura aeroportuária é limitada, graças à sua capacidade de operar em pistas curtas e menos preparadas. A aeronave é particularmente popular em voos regionais, onde o custo-benefício e a flexibilidade são fundamentais.

Apesar da tragédia aérea, a aeronave também possui histórico operacional sólido, sendo um dos modelos preferidos para rotas domésticas e regionais devido à sua confiabilidade e eficiência.

ATR-72 em voo
Avião é considerado seguro e estava em dia com manutenções e certificações (Imagem: Divulgação/Voepass)

Lista de vítimas

A seguir, confira a lista completa das vítimas do acidente aéreo:

Passageiros

  1. Rosangela Souza;
  2. Eliane Andrade Freire;
  3. Luciani Cavalcanti;
  4. Jose Roberto Leonel Ferreira;
  5. Denilda Acordi;
  6. Maria Auxiliadora Vaz De Arruda;
  7. Jose Cloves Arruda;
  8. Nelvio Jose Hubner
  9. Gracinda Marina Castelo Da Silva;
  10. Ronaldo Cavaliere;
  11. Silvia Cristina;
  12. Wlisses Oliveira;
  13. Hiales Carpine Fodra;
  14. Daniela Schulz Fodra;
  15. Regiclaudio Freitas;
  16. Simone Mirian Rizental;
  17. Josgleidys Gonzalez;
  18. Maria Parra;
  19. Joslan Perez;
  20. Mauro Bedin;
  21. Rosangela Maria De Oliveira;
  22. Antonio Deoclides Zini Junior;
  23. Kharine Gavlik Pessoazini;
  24. Mauro Sguarizi;
  25. Leonardo Henrique Da Silva;
  26. Maria Valdete Bartnik;
  27. Renato Bartnik;
  28. Hadassa Maria Da Silva;
  29. Raphael Bohne;
  30. Renato Lima;
  31. Rafael Alves;
  32. Lucas Felipe Costa Camargo;
  33. Adrielle Costa;
  34. Iaiana Vasatta;
  35. Ana Caroline Redivo;
  36. Jose Carlos Copetti;
  37. Andre Michel;
  38. Sarah Sella Langer;
  39. Edilson Hobold;
  40. Rafael Fernando dos Santos;
  41. Liz Ibba dos Santos;
  42. Paulo Alves;
  43. Pedro Gusson do Nascimento;
  44. Rosana Santos Xavier;
  45. Thiago Almeida Paula;
  46. Adriana Santos;
  47. Deonir Secco;
  48. Alipio Santos Neto;
  49. Raquel Ribeiro Moreira;
  50. Adriano da Luca Bueno;
  51. Miguel Arcanjo Rodridues Junior;
  52. Diogo Avila;
  53. Luciano Trindade Alves;
  54. Isabella Santana Pozzuoli;
  55. Tiago Azevedo;
  56. Mariana Belim;
  57. Arianne Risso.

Montagem com capturas de tela de vídeos de queda de avião em Vinhedo
Avião foi flagrado enquanto caía (Imagem: Reprodução/Redes sociais)

A vítima de número 39 da lista acima, Edilson Hobold, tinha, entre outras funções, a de árbitro de judô regulamentado pela federaçãointernacional da categoria, a FIJA.

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) emitiu uma nota de pesar pelo falecimento do profissional. Leia a seguir:

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) manifesta seu mais profundo pesar pelo falecimento de Edilson Hobold, árbitro internacional (FIJA) de judô, ocorrido nesta sexta-feira, 09. Lamentavelmente, ele foi uma das vítimas fatais da queda do avião da Voepass Linhas Aéreas, em Vinhedo (SP).

Sensei Hobold, professor Kodansha 6º Dan, tinha 52 anos e dedicou grande parte da sua vida ao judô, destacando-se como um dos árbitros mais proeminentes do país. Neste momento de dor e profunda tristeza, o COB se solidariza aos familiares, amigos e alunos de Edilson Hobold, assim como toda comunidade do judô brasileiro.

COB, em nota

Várias das vítimas estavam participando de um congresso de oncologia em São Paulo (SP), segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), que também emitiu nota sobre a tragédia.

“A trágica perda desses profissionais deixa de luto a medicina brasileira, cujos membros continuarão a honrar o legado dos que nos partiram de forma tão inesperada com seu compromisso com a defesa da saúde e da vida”, diz o comunicado.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) também emitiu nota:

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) registra com profundo pesar o trágico acidente ocorrido nesta sexta-feira, 9, na cidade de Vinhedo, envolvendo aeronave que tinha como origem a cidade de Cascavel. Entre as 61 pessoas que estavam a bordo, foram identificados os nomes de pelo menos oito médicos com registro no Conselho de Medicina do Paraná (a autarquia aguarda a confirmação pela companhia aérea). Até o momento, foram confirmados quatro médicos pelas instituições nas quais eles atuavam.

CRM-PR, em nota

Os quatro profissionais confirmados até o momento são Arianne Risso, Jose Roberto Leonel Ferreira, Mariana Belim e Sarah Langer.

A seguir, elencamos quem eram e o que faziam algumas das outras vítimas:

Liz Ibba dos Santos tinha quatro anos e, segundo o portal Catve, onde a mãe da menina trabalhava, estava viajando com o pai, Rafael Fernando dos Santos.

Alipio Santos Leal Neto foi secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do governo do Estado do Paraná durante a gestão do ex-governador Beto Richa. Era professor do Instituto Federal do Paraná e reitor da Universidade Estadual do Paraná.

Antonio Deoclides Zini Júnior era diretor de frota e manutenção na transportadora Pra frente Brasil. Deonir Secco era professor associado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, além de ter sido professor de Agronomia na Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ) de março de 1992 a junho de 2002, onde lecionou as disciplinas de Máquinas e Mecanização Agrícola.

Edilson Hobold era professor de educação física, tendo recebido, em 2023, a medalha de honra ao mérito da Câmara Municipal de Marechal Cândido Rondon por seu trabalho como professor gratuito de judô para crianças, jovens e adolescentes carentes.

Eliane Andrade Freire ia visitar a família em São Paulo, onde nasceu. Era farmacêutica industrial há mais de 20 anos e era supervisora de garantia de qualidade de uma distribuidora de produtos farmacêuticos sediada no Paraná.

Raquel Ribeiro Moreira era professora do Magistério Superior da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e atuava como professora credenciada no Programa de Pós-Graduação em Letras da Unioeste.

Renato Bartnik tinha acabado de fundar uma empresa de transporte rodoviário de carga com sede em Cascavel (PR), em fevereiro. Sarah Sella Langer era pediatra alergista e imunologista, além de doutora em ciências da saúde pela USP. No X, se mostrava como apaixonada por música e repostava vídeos com apresentação de orquestras sinfônicas.

Daniela Schulz era fisiculturista e influenciadora digital. No Instagram, compartilhava sua rotina de treinos e dicas, contando com mais de 16 mil seguidores.

Momentos antes de embarcar, ela publicou vídeos nos Stories, no qual falava de sua viagem, que tinha como destino final os Estados Unidos para um compromisso profissional. Ela comentou que estava há horas aguardando o voo.

A fisiculturista, que também era CEO de uma empresa de moda fitness, estava acompanhada de seu namorado, o engenheiro agrônomo Hiales Carpine Fodra, também na lista de passageiros mortos.

Tripulantes

  1. Danilo Santos Romano (comandante);
  2. Humberto Campos de Alencar (copiloto);
  3. Rúbia de Lima (comissária);
  4. Débora Ávila (comissária).

Na coletiva desta sexta-feira (9), o CEO da Voepass, Eduardo Busch, afirmou que os pilotos eram experientes, competentes e totalmente aptos para realizar o trabalho”, e que todos os sistemas operacionais do avião estavam em funcionamento quando ele deixou o Paraná.

Busch também comentou a carreira de cada um dos tripulantes:

  • Sobre o comandante Danilo Santos Romano, o CEO afirmou que ele tinha um total de 5,2 mil horas de voo, era competente e tinha experiência em outras companhias aéreas (uma delas é do Cazaquistão);
  • Sobre o copiloto Humberto Campos de Alencar, informou que ele tinha 5,1 mil horas de voo e estava na companhia há quase cinco anos;
  • Sobre a comissária Rúbia de Lima, alegou que ela estava na Voepass desde 2010, com “história de crescimento e realização profissional do sonho de ser comissária de bordo”;
  • Sobre a comissária Débora Ávila, a chamou de “exemplo de dedicação e comprometimento”.

Quem é a Voepass?

A Voepass foi fundada nos anos 1990 em Ribeirão Preto (SP) e é a mais antiga em operação no Brasil. Passou por recuperação judicial e é especializada em voos regionais. Tem acordo de compartilhamento de voos com a Latam.

A empresa, fundada em 1995, era o braço aéreo da Passaredo, que atuava com viação rodoviária. Tinha o mesmo nome até 2019. Ela possui 15 aeronaves da ATR e opera em 37 destinos nacionais, detendo 0,5% do mercado, segundo a Anac.

Foram cinco anos de recuperação judicial, entre 2012 e 2017, com dívida estimada em R$ 150 milhões. Ainda em 2017, a Passaredo fechou acordo de venda para a Itapemirim, cancelado meses depois por não cumprimento de certas condições previstas.

Dois anos depois, a Passaredo adquiriu a MAP Linhas Aéreas, de Manaus, e virou Voepass. Esse crescimento provocou uma disputa com a Azul, segundo o UOL, acusando-a de assediar seus pilotos visando prejudicar suas operações. Em 2021, a MAP foi vendida para a GOL.

O acordo de codeshare (compartilhamento de voos) com a Latam existe desde 2014 e envolve rotas não sobrepostas, operadas apenas por uma das empresas parceiras.

No ano passado, as companhias incluiram mais 13 destinos na parceria. A Voepass atua com aviões ATR-72 e ATR-42, fazendo voos domésticos de curta distância.

Acidente é o quinto maior desastre aéreo do Brasil

O acidente aéreo em Vinhedo (SP) passa a ser o quinto com mais mortes no Brasil. A seguir, rememore as maiores tragédias aéreas do País:

  • 17 de julho de 2007, São Paulo (SP), 199 mortes: avião com 187 passageiros não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas, atravessou a avenida Washington Luís e bateu no prédio da TAM Express, matando todos a bordo e outras 12 pessoas que se encontravam no edifício;
  • 29 de setembro de 2006, Peixoto de Azevendo (MT), 154 mortes: um Boeing da GOL bateu em um jato Legacy ainda no ar e caiu, na região de Peixoto de Azevedo, a 692 km ao norte da capital Cuiabá. Um corpo não foi encontrado;
  • 8 de junho de 1982, Fortaleza (CE), 137 mortes): um avião da Vasp ia de São Paulo (SP) a Fortaleza, quando caiu já perto do aeroporto de destino. O piloto desceu o Boeing 727 a 300 metros e ignorou avisos do copiloto de que havia uma serra adiante;
  • 31 de outubro de 1996, São Paulo 9SP), 99 mortos: outro desastre em São Paulo foi causado por um Fokker 100, no voo 402 da TAM, que caiu dois minutos após a decolagem. Ele destruiu oito casas no bairro do Jabaquara, matando os 96 passageiros e tripulantes, além de três pessoas que estavam no solo.