Fósseis pré-históricos descobertos em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, continuam a ser motivo de disputa entre Brasil e Dinamarca. As peças, encontradas em 1845 pelo naturalista dinamarquês Peter Lund, foram enviadas ao Museu de História Natural da Dinamarca no mesmo ano e permanecem, até hoje, enroladas nos jornais do século XIX.

Luiz Antônio Cruz Souza, vice-presidente do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia e Pesquisa em História Natural da UFMG, defende que o acervo, composto por mais de 12 mil peças, deve retornar ao Brasil para que seja estudado de forma mais adequada.

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“A forma como Lund armazenou os ossos também é um acervo histórico. É necessário repatriar esse material de maneira diplomática, já que ele foi extraído do nosso solo”, destacou Souza em entrevista ao podcast Gerais no g1.

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Fósseis exibidos no Museu Peter Lundi em Lagoa Santa. (Imagem: Parque Estadual do Sumidouro)

A questão ganhou destaque recentemente após o retorno de um manto Tupinambá do século XVI, também proveniente do Museu de História Natural da Dinamarca, ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. Esse precedente abriu caminho para a discussão sobre a repatriação dos fósseis de Lagoa Santa.

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Controvérsia sobre 82 fósseis em Lagoa Santa

Em 2012, o Museu de História Natural da Dinamarca cedeu 82 fósseis para a inauguração do Museu Peter Lund, em Lagoa Santa, com prazo de empréstimo de três anos. No entanto, mais de dez anos se passaram, e o material continua no Brasil. Há seis meses, a Dinamarca solicitou a devolução dos fósseis, mas ainda não obteve uma resposta oficial.

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O destino desses fósseis gerou um impasse. Enquanto algumas vozes defendem o retorno do acervo à Dinamarca, outros acreditam que o material deve permanecer no Brasil para estudos e preservação.

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Museu Peter Lund, em Lagoa Santa (MG). (Imagem: Prefeitura de Lagoa Santa)

Posicionamento das autoridades brasileiras

  • A Prefeitura de Lagoa Santa, responsável pelo acervo durante o período de empréstimo, informou o g1 que os fósseis agora estão sob a guarda do Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais, com o destino sendo responsabilidade da Casa Civil do Governo do Estado.
  • O governo estadual ressaltou a importância histórica e científica dos fósseis e afirmou que está em diálogo com o Museu de História Natural da Dinamarca para resolver a situação.
  • Por enquanto, a equipe do museu dinamarquês, que está em período de férias, ainda não deu uma resposta definitiva sobre a devolução dos fósseis ao seu país de origem.