Cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) divulgaram recentemente imagens detalhadas da galáxia espiral Messier 106, localizada na constelação de Cães de Caça. Também conhecida como NGC 4258, essa galáxia foi capturada pelo avançado Telescópio Espacial James Webb, revelando detalhes inéditos, como a presença de um buraco negro supermassivo em plena atividade.

O James Webb é equipado com uma sofisticada câmera de infravermelho próximo, o que permite que ele enxergue mais longe e mais profundamente do que qualquer outro telescópio já construído. À medida que observamos o universo mais distante, estamos olhando para objetos mais antigos.

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Isso ocorre porque a luz emitida por esses objetos, formados nos primeiros tempos do universo, sofre um fenômeno chamado “desvio para o vermelho”. À medida que a luz viaja pelo espaço, seus comprimentos de onda se alongam, movendo-se da parte visível do espectro eletromagnético para a parte infravermelha, invisível aos olhos humanos.

Representação artística do Telescópio Espacial James Webb investigando galáxia (Imagem: Dima Zel / Shutterstock.com)

De fora, as galáxias costumam parecer densas e impenetráveis, pois a poeira estelar absorve quase toda a luz visível. Contudo, a luz infravermelha é menos afetada por poeira e pequenas partículas. Isso significa que o James Webb pode detectar essa luz e, assim, penetrar em regiões que antes eram ocultas. As novas e impressionantes observações da galáxia Messier 106 são um testemunho das capacidades avançadas deste telescópio.

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O buraco negro ativo de Messier 106

  • No centro dessa galáxia, o telescópio capturou imagens nítidas de um buraco negro supermassivo, um elemento comum em galáxias de grande porte.
  • No entanto, o que torna esse buraco negro particularmente interessante é o fato de que ele ainda está ativo.
  • “Ao contrário do buraco negro no centro da Via Láctea, que raramente puxa grandes quantidades de gás, o buraco negro de Messier 106 está ativamente devorando material”, explicaram os cientistas da ESA em um comunicado.
  • À medida que o gás espirala em direção ao buraco negro, ele aquece e emite radiação poderosa.
  • Confira a imagem completa divulgada pela ESA:
foto do james webb da galáxia Messier 106
A região central de uma galáxia espiral. Seu núcleo é um pequeno ponto brilhante que irradia uma luz branca azulada sobre a cena. A luz branca é difusa e muitas estrelas pontuais na galáxia (e até galáxias de fundo) podem ser vistas através dela. Os braços da galáxia aparecem como faixas largas e onduladas de gás e poeira brilhante, com cores vermelha e laranja. Dois braços adicionais são revelados em verde. (Imagem: ESA/Webb, NASA & CSA, J. Glenn)

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Cores e distribuição de gás

A imagem da galáxia mostra seu núcleo brilhante, onde a luz é emitida à medida que poeira e gás caem no buraco negro. Os “braços” da galáxia aparecem como faixas de gás e poeira brilhantes. As regiões azuis na imagem indicam poeira estelar dispersa pela galáxia, enquanto as áreas laranja mostram poeira mais quente e os tons vermelhos mais fortes representam poeira mais fria.

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Perto do centro da imagem, as tonalidades de verde, azul e amarelo retratam diferentes distribuições de gás.

Braços invisíveis

Além dos braços visíveis, Messier 106 possui dois “braços invisíveis” que só podem ser observados em comprimentos de onda de rádio e raios-X. Esses braços são compostos de gás quente, e acredita-se que sejam resultado da atividade do buraco negro.

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“Eles provavelmente são causados pelo material que flui para fora, gerado pela violenta agitação do gás ao redor do buraco negro, criando um fenômeno análogo a uma onda quebrando ao atingir uma rocha na costa”, afirmaram os cientistas.

Observações como essas são cruciais para os astrônomos, pois ajudam a entender melhor processos galácticos importantes, como a formação de estrelas e a física dos buracos negros. Além disso, essas descobertas oferecem novas pistas sobre a natureza e a história do universo.