Um raro encontro planetário, sob o ponto de vista da Terra, acontece na tarde desta quarta-feira (14): Marte e Júpiter vão estar em conjunção astronômica, de acordo com o guia de observação InTheSky.org – o que só deve voltar a acontecer em 2033.

Desde a noite passada, já é possível ver os dois objetos celestes bem próximos no céu, ainda que a conjunção propriamente dita ocorra apenas às 13h52 – todos os horários mencionados têm como referência o fuso de Brasília. 

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Marte e Júpiter próximos na constelação do Touro, registrados a partir de Palmas, no Paraná, em 25 de julho de 2024, quando ainda estavam separados por cerca de 10° no céu. Crédito: Cortesia Rodinei Santos

Vamos entender:

  • Os planetas orbitam o Sol no chamado plano da eclíptica;
  • Como uns têm órbitas menores e outros maiores, frequentemente, um acaba “passando” pelo outro enquanto circundam o astro;
  • Embora estejam a milhões de quilômetros de distância uns dos outros, para quem está vendo da Terra, esses corpos celestes parecem estar bem próximos quando ocorrem essas “ultrapassagens” – conhecidas como conjunções;
  • Como o encontro entre Marte e Júpiter será em plena luz do dia, o momento exato da conjunção não será observável;
  • No entanto, algumas horas antes do amanhecer, os planetas já podiam ser vistos bem pertinho um do outro, o que se repetirá nesta madrugada (com eles um pouco mais distantes).

Para observadores em São Paulo, por exemplo, o par esta semana está visível no céu acima do horizonte nordeste mais ou menos entre 2h e 6h da manhã. Ainda segundo a plataforma, duas horas antes, ocorre o chamado appulse, termo que se refere à separação mínima aparente entre dois corpos no céu, de acordo com o guia de astronomia Starwalk Space.

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O que diferencia as duas expressões é que, embora o termo “conjunção” também seja utilizado popularmente para representar uma aproximação aparente entre dois astros, tecnicamente, a conjunção astronômica só ocorre no momento em que os dois objetos compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre).

Configuração do céu no momento da conjunção entre Marte e Júpiter nesta quarta-feira (14). Crédito: SolarSystemScope

Eles estarão tão perto um do outro a ponto de caber dentro do campo de visão de um telescópio – o que, sem dúvida, proporcionará uma cena incrível. Mas, de qualquer forma, o encontro também será visível a olho nu ou através de um par de binóculos. 

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Júpiter estará em magnitude de -2.2, e Marte 0.8, ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

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Distância visível entre Júpiter e Marte será menor que ⅓ da largura da Lua

Segundo o Observatório Nacional (ON), Marte e Júpiter “passam um pelo outro” a cada 825 dias. No entanto, uma proximidade tão grande como a que está ocorrendo só voltará a acontecer em dezembro de 2033. Além disso, o ON destaca que até a próxima sexta-feira (16), a distância entre Marte e Júpiter será menor que 1 grau, o que equivale a cerca de um terço da largura da Lua. 

“Embora pareçam quase se tocar, a proximidade é apenas efeito de perspectiva, uma vez que Marte e Júpiter estarão na realidade separados por uma enorme distância no espaço (em torno de 575 milhões de km)”, diz o comunicado do ON. 

Marte é o quarto planeta em distância ao Sol, sendo um planeta rochoso, com metade do tamanho da Terra, e sua órbita está relativamente mais próxima a nós. Júpiter, por outro lado, é um planeta da parte mais externa; um gigante gasoso situado cerca de 3,5 vezes mais longe do Sol do que Marte.