Um quarto dos pacientes que não respondem após uma lesão cerebral grave ainda podem realizar tarefas cognitivas, segundo descobertas de um novo estudo.

Este fenômeno é conhecido como dissociação motora cognitiva (TMC). Trata-se de uma síndrome que pode ocorrer quando uma pessoa em coma ou estado vegetativo parece não responder, mas ainda apresenta atividade cerebral relacionada ao pensamento intencional.

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Para detectar se os pacientes estavam seguindo alguns comandos que lhes eram dados, os pesquisadores analisaram imagens cerebrais de ressonância magnética funcional (fMRI), bem como um teste que registra a atividade elétrica no cérebro, conhecido como eletroencefalografia (EEG).

Médico segurando chapa de ressonâncias cerebrais
Exames que escaneiam a atividade cerebral foram ajudaram os pesquisadores no estudo (Imagem: sfam_photo/Shutterstock)

Pesquisadores deram comandos básicos aos pacientes com lesão cerebral

  • Alguns dos comandos utilizados foram “imagine abrir e fechar a mão” e “imagine jogar tênis”.
  • Usando dados de seis locais no Reino Unido, EUA e Europa, o estudo descobriu que a dissociação motora cognitiva foi detectada em 60 dos 241 pacientes.
  • Do grupo, 11 foram avaliados com fMRI, 13 apenas com EEG e 36 com ambas as técnicas.

Os testes puderam mostrar reações inteligentes no cérebro, mesmo sem um sinal físico óbvio, como o paciente realmente abrindo e fechando a mão após o comando. Isso indica que, para alguns pacientes, o problema não é a cognição, mas sim as habilidades motoras, levando a condição conhecida como TMC.

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Cérebro de pessoas com lesão cerebral reagiu a determinados comandos – Imagem: Billion Photos/Shutterstock

“Estes resultados levantam questões éticas, clínicas e científicas críticas, tais como: como podemos aproveitar essa capacidade cognitiva invisível para estabelecer um sistema de comunicação e promover uma maior recuperação?”, diz Yelena Bodien, pesquisadora e autora principal do estudo.

Os pesquisadores observaram que uma limitação do estudo foi que os dados foram recolhidos por muitas equipes diferentes durante um longo período, e os métodos não foram padronizados, o que pode levar à variabilidade nos dados.

Elaborar diretrizes sobre como avaliar a dissociação motora cognitiva será o foco de trabalhos futuros, diz a equipe.

Bodien acrescentou: “Para continuar o nosso progresso neste campo, precisamos de validar as nossas ferramentas e desenvolver abordagens para avaliar de forma sistemática e pragmática os pacientes que não respondem, para que os testes sejam mais acessíveis”.