Amazon: ambulâncias foram chamadas 1.400 vezes a armazéns no Reino Unido, diz jornal

Site revelou que ambulâncias foram chamadas aos armazéns da empresa 1.400 vezes em 5 anos; big tech se defende e diz que números são normais.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 19/08/2024 19h22
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Imagem: MacroEcon/Shutterstock
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Trabalhar nas maiores empresas de tecnologia do mundo é o sonho de muita gente. A realidade, no entanto, pode ser algo bem diferente – a ponto de tornar o sonho um pesadelo. É isso que estaria acontecendo nos armazéns da Amazon no Reino Unido.

Dados obtidos pelo jornal britânico The Guardian mostram que ambulâncias foram chamadas para esses locais mais de 1.400 vezes nos últimos cinco anos. Um dos maiores sindicatos do país, o GMB Union, chamou os números de “chocantes, mas não surpreendentes”.

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O sindicato pediu às autoridades competentes do país que investiguem as práticas de trabalho da empresa. Segundo Amanda Gearing, que cuida do caso, “os trabalhadores da Amazon são rotineiramente empurrados além dos limites da resistência humana”. Ela comparou ainda a rotina deles ao filme Jogos Vorazes.

De acordo com o The Guardian, os centros da Amazon em Dunfermline e Bristol tiveram o maior número de chamadas de ambulância na Grã-Bretanha, registrando 161 e 125 no período, respectivamente.

A sindicalista afirmou que esses números podem ser ainda maiores, pois, em algumas unidades, os socorristas seriam desencorajados a chamar ambulâncias. No lugar delas, eles seriam orientados a pegar táxis.

Logo grande da Aamzon, defocado no fundo, com a página da Amazon aberta, em primeiro plano, em um celular
A gigante americana também tem uma parcela significativa do mercado no Reino Unido – Imagem: Charles McClintock Wilson/Shutterstock

Quais os tipos de atendimento?

  • Segundo o jornal britânico, as ambulâncias são chamadas para atender diversos tipos de casos.
  • Em Dunfermline, por exemplo, um terço dos registros do Serviço Escocês de Ambulâncias ao local da Amazon estavam relacionados a dores no peito.
  • O local também contabilizou casos de convulsões, derrames e problemas respiratórios.
  • Tentativas de suicídio ou outros incidentes psiquiátricos graves foram registrados em centros da Amazon em Bolton, Chesterfield, Mansfield, Rugeley e Londres.
  • Incidentes relacionados a gestações ou abortos espontâneos para trabalhadores em turno também foram listados em vários locais, assim como ferimentos traumáticos e suspeitas de ataques cardíacos.
  • Outros incidentes incluíram trabalhadores que foram expostos a ácidos e gases perigosos, gravemente eletrocutados ou tiveram queimaduras graves em uma parte significativa do corpo.

O que diz a Amazon

Um porta-voz da Amazon disse ao The Guardian que “refuta veementemente a sugestão de que seria ‘perigoso’ trabalhar para a Amazon”. Ele acrescentou que “a segurança é sempre a prioridade absoluta” nos armazéns da empresa.

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O governo do Reino Unido ainda não disse se vai mesmo investigar a big tech – Imagem: Sergei Elagin/Shutterstock

Segundo o porta-voz, os números apresentados na reportagem seriam enganosos. Ele não desmentiu a quantidade de atendimentos, mas afirmou que isso seria normal diante da enorme força de trabalho que atua na empresa. Também declarou que a Amazon tem uma média de 50% de ferimentos a menos do que outras companhias de transporte e armazenagem do Reino Unido.

A Amazon explicou ainda que a “grande maioria” dos chamados de ambulâncias estavam relacionados a “condições pré-existentes, não a incidentes relacionados ao trabalho” e que a Amazon “sempre chamará uma ambulância se alguém precisar de atenção médica”.

“Como um empregador responsável, sempre chamaremos uma ambulância se alguém precisar de atendimento médico de emergência”, disse o porta-voz da big tech.

“Nós encorajamos todos que querem entender a verdade a virem e verem por si mesmos fazendo um tour em um centro de distribuição da Amazon”, concluiu o porta-voz.

As informações são do The Guardian.


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Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.