O projeto de criptomoeda e identidade digital de Sam Altman, conhecido por ser o CEO da OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, está enfrentando uma série de desafios em diversas partes do mundo. Governos em mais de uma dúzia de jurisdições suspenderam suas operações ou estão investigando como a Worldcoin processa seus dados.
Worldcoin é uma iniciativa que visa distinguir humanos de robôs em um mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial. Para isso, utiliza um dispositivo chamado Orb, que escaneia as íris dos usuários. Com base nesse escaneamento, o usuário recebe um código único, armazenado em um “World ID” digital, e pagamentos em criptomoeda WLD.
Desde seu lançamento, o Worldcoin já verificou mais de seis milhões de pessoas em quase 40 países. Entretanto, o projeto tem gerado controvérsias significativas, especialmente em países como Hong Kong, Argentina, Espanha e Quênia, onde suas operações foram suspensas ou fortemente investigadas.
Worldcoin enfrenta acusações e investigações
As principais preocupações das autoridades estão relacionadas ao tratamento dos dados dos usuários. O Worldcoin afirma que as imagens das íris são apagadas após a verificação, a menos que os usuários consintam no uso de seus dados para treinar algoritmos.
No entanto, diversas investigações sugerem que operadores do Orb, que muitas vezes são contratados independentes, incentivam os usuários a entregar suas imagens de íris, o que pode levar à criação de um banco de dados biométrico global.
Além disso, há acusações de que o Worldcoin estaria explorando regiões menos desenvolvidas e com menor alfabetização tecnológica para testar sua tecnologia, como Quênia, Indonésia e Nigéria. Essas acusações sugerem que o projeto pode estar se aproveitando da falta de sofisticação dessas populações para treinar uma tecnologia avançada.
Respostas da Worldcoin
Diante das críticas, Damien Kieran, diretor de privacidade da Worldcoin, afirmou que o projeto está colaborando com reguladores para abordar essas preocupações. O Worldcoin suspendeu temporariamente a opção de compartilhamento de imagens enquanto desenvolve um novo processo e aprimora suas práticas de segurança.
Além disso, foram implementadas mudanças significativas, como a verificação de identidade por meio de carteiras de identidade para evitar o escaneamento de menores de idade e a introdução de um novo sistema de armazenamento de dados que fragmenta os códigos das íris em servidores criptografados diferentes.
Desafios legais e operacionais
- O projeto enfrenta uma série de desafios legais e operacionais.
- Em Hong Kong, por exemplo, as autoridades proibiram o Worldcoin após descobrirem que as imagens das íris estavam sendo armazenadas por até uma década.
- Na Argentina, investigações foram iniciadas devido à falta de informações claras e termos de uso considerados abusivos.
- Na Espanha, o projeto foi acusado de escanear crianças em larga escala, enquanto em Portugal surgiram alegações de que os operadores estavam incentivando as pessoas a consentirem com o uso de seus dados.
- Na União Europeia, uma investigação liderada por autoridades na Baviera está em andamento, com um foco particular na segurança dos códigos e imagens das íris, dado que dados biométricos não podem ser alterados e qualquer violação poderia levar a fraudes de identidade.
A importância da criptomoeda WLD
Apesar dos desafios, Sam Altman e sua equipe continuam a defender a importância do Worldcoin. Executivos do projeto afirmam que a missão do Worldcoin se tornou ainda mais urgente com o avanço da inteligência artificial, que está mudando a internet ao aumentar a presença de bots e contas falsas. Eles acreditam que, com a expansão dos modelos de IA, a distinção entre humanos e robôs se tornará uma necessidade crítica.
Um aspecto vital do sucesso do Worldcoin está atrelado ao desempenho da criptomoeda WLD. A moeda, que ainda é amplamente controlada pela fundação, tem seu preço definido por uma pequena quantidade de tokens em circulação. Se o valor do WLD cair, a motivação para novos usuários aderirem ao projeto pode diminuir, impactando o valor dos pagamentos em dólar que recebem.
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