Em 2022, bilhões de caranguejos-da-neve desapareceram no Mar de Bering, no norte do Oceano Pacífico, intrigando pescadores e cientistas. Agora, graças a um estudo publicado na revista Nature Climate Change, temos uma explicação para o fenômeno misterioso: uma onda de calor que aumentou as temperaturas marítimas.

Entenda:

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  • Bilhões de caranguejos-da-neve desapareceram no Mar de Bering em 2022;
  • Pesquisadores relacionam o fenômeno ao aumento das temperaturas marítimas entre 2018 e 2019;
  • O calor fez com que o metabolismo dos caranguejos aumentasse, mas, sem comida suficiente, eles morreram de fome;
  • Além disso, o aumento da temperatura também fez com que predadores – como o bacalhau-do-Pacífico – alcançassem a região e se alimentassem do que sobrou da espécie;
  • Nos próximos anos o cenário deve ficar ainda pior, com uma estimativa de condições verdadeiramente árticas “em apenas 8% dos anos futuros no sudeste do Mar de Bering”.
Altas temperaturas causaram o desaparecimento de bilhões de caranguejos-da-neve. (Imagem: NOAA Fisheries)

Como explicam os autores do estudo, entre 2018 e 2019, a água do Mar de Bering ficou mais quente e a quantidade de gelo diminuiu. Consequentemente, o metabolismo dos caranguejos acelerou – mas, como não havia comida suficiente nas águas para acompanhar esse ritmo, eles morreram de fome.

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Altas temperaturas fizeram caranguejos desaparecerem

Em um comunicado da NOAA Fisheries, Michael Litzow, principal autor do estudo, explica que, com o aquecimento global, o cenário deve ficar ainda pior, com a previsão de temperaturas muito mais elevadas e condições verdadeiramente árticas “em apenas 8% dos anos futuros no sudeste do Mar de Bering.”

Com águas mais quentes, predadores alcançaram território do caranguejo-da-neve. (Imagem: NOAA Fisheries)

O artigo da NOAA também destaca que a diminuição do gelo no Mar de Bering fez com que o bacalhau-do-Pacífico – que está entre os principais predadores do caranguejo-da-neve e costuma viver em águas mais quentes – alcançasse a região e comesse parte do que sobrou da espécie.

“É realmente importante que pescadores, cientistas, comunidades e gestores de recursos reconheçam que um dos ecossistemas marinhos mais produtivos do mundo está mudando – mais rápido do que qualquer um esperava. A hora de agir é agora para pensar sobre como todos nós vamos nos adaptar”, completa Litzow.