A Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) fechou um contrato de US$90 milhões (cerca de R$494 milhões) com a Astroscale Japan, uma empresa de sustentabilidade espacial, para remover um estágio de foguete H-2A da órbita da Terra até o final desta década. 

Denominada ADRAS-J2, a missão tem como objetivo capturar o objeto de 11 metros de comprimento e três toneladas com um braço robótico e direcioná-lo para a atmosfera da Terra, onde será queimado. Essa operação é uma continuidade da missão ADRAS-J, por meio da qual a empresa realizou recentemente uma inspeção orbital do estágio do foguete, que está a 600 km de altitude desde 2009, após o lançamento do satélite de observação de gases de efeito estufa GOSAT.

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Segundo um comunicado da Afroscale, o maior desafio nesta remoção se deve à idade do foguete e ao estado descontrolado em que se encontra. No entanto, a inspeção da empresa revelou que o adaptador de carga útil do objeto, que será utilizado para sua captura, permanece intacto, facilitando a operação. 

Imagens capturadas pela missão ADRAS-J durante a obversão de voo em 15 de julho de 2024. Crédito: Afroscale

De acordo com a empresa, a remoção de objetos em órbita é complexa, pois muitos deles não foram projetados para acoplamento, manutenção ou remoção.

Imagens capturadas pela missão ADRAS-J durante a obversão de voo em 16 de julho de 2024. Crédito: Afroscale

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Mais de 40 mil pedaços de lixo espacial dominam a órbita da Terra

Além da missão ADRAS-J2, a Astroscale está envolvida em outras iniciativas de remoção de detritos espaciais. Em julho, a empresa assinou um contrato com a operadora de satélites Eutelsat OneWeb para remover um satélite equipado com uma placa de acoplamento magnético da órbita em 2027. Outra missão, em estudo pela Agência Espacial do Reino Unido, planeja utilizar uma espaçonave equipada com um braço robótico para remover dois antigos satélites britânicos.

A crescente quantidade de detritos espaciais é uma preocupação significativa para a indústria espacial. Estima-se que existam cerca de 40.500 pedaços de lixo espacial maiores que 10 cm em órbita, incluindo satélites antigos, estágios de foguetes e fragmentos gerados por colisões. 

Esses detritos, que circulam a Terra em alta velocidade, representam uma séria ameaça à infraestrutura espacial. Especialistas alertam que as colisões entre esses objetos podem gerar novos fragmentos, criando uma reação em cadeia conhecida como “Síndrome de Kessler”, que poderia tornar o espaço próximo à Terra inutilizável por décadas. A remoção ativa de detritos espaciais é considerada crucial para garantir a segurança das operações futuras no espaço.