Pesquisadores coletaram e analisaram os genomas de 1.705 espécies de vírus retiradas de núcleos de gelo da geleira Guliya, no planalto tibetano. Estas informações podem revelar segredos sobre a transformação do clima ao longo da história da Terra, além de como estes organismos se adaptam às mudanças de temperatura.

Análise de núcleo de gelo antigo

  • À medida que os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais visíveis nos ecossistemas do mundo, os cientistas buscam maneiras de entender como a Terra se adaptou a estas transformações no passado.
  • Uma maneira de fazer isso é examinar o conteúdo de estruturas maciças de gelo, como geleiras, que guardam registros detalhados de ecossistemas do passado.
  • Os dados do núcleo de gelo estão se tornando cada vez mais valiosos à medida que as temperaturas globais aumentam e as geleiras derretem.
  • Durante décadas, a geleira Guliya, localizada no extremo noroeste do planalto tibetano, está entre os mais ricos desses arquivos.
  • Para acessá-lo, os cientistas precisam subir 6,1 quilômetros no Himalaia.
  • E ao extrair amostras, os pesquisadores acabam também se deparando com vírus antigos há muito adormecidos.
  • Os resultados foram descritos em estudo publicado na revista Nature Geoscience.
Vírus foram recolhidos de geleira no planalto tibetano (Imagem: HelloRF Zcool/Shutterstock)

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Descoberta pode ajudar a prever como os vírus modernos podem reagir

A equipe de cientistas, então, resolveu estudar como se deram as adaptações dos vírus às mudanças climáticas no passado. Além disso, os pesquisadores queria entender como este processo influenciou a capacidade de seus hospedeiros de lidar com condições extremas climáticas.

As camadas de gelo contidas nos núcleos recuperados forneceram um recorte incrível de como os organismos se comportaram durante três períodos frios a quentes nos últimos 41 mil anos. Entre os vários tipos de novos vírus descobertos, foi observada uma comunidade distinta que remonta a cerca de 11.500 anos. Esta foi uma época de transição climática significativa, onde o planeta passou do frio Último Estágio Glacial para o período quente do Holoceno.

Terra seca e rachada; crise hídrica e mudanças climáticas mundiais.
Mudanças climáticas podem causar alterações em vírus (Imagem: Piyaset/Shutterstock)

Os pesquisadores acreditam que os micróbios reagiram às mudanças climáticas que ocorreram à medida que as temperaturas globais passaram de condições frias para quentes. Um exame mais detalhado das assinaturas genéticas dos vírus também revelou que, embora a maioria fosse exclusiva da geleira Guliya, cerca de um quarto se sobrepunha a organismos conhecidos de outras partes do mundo. Isso significa que alguns deles foram potencialmente transportados de áreas como o Oriente Médio ou mesmo o Ártico.

Compreender como os vírus evoluíram durante eras climáticas intensas oferece pistas importantes que podem nos ajudar a prever como os vírus modernos podem reagir e se envolver com ecossistemas futuros. Ao mesmo tempo, os organismos contidos em núcleos de gelo aumentam a riqueza de informações que os pesquisadores podem aprender sobre contextos antigos.