Poluição por medicamentos está mudando o comportamento de peixes

Pesquisa de cinco anos revela que a poluição por fluoxetina altera a condição física e comportamental de espécie aquática
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 28/08/2024 03h06
peixe
Imagem: FOTO JOURNEY/Shuttersotck
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Um novo estudo revela que até mesmo baixas concentrações do antidepressivo fluoxetina, conhecido comercialmente como Prozac, estão afetando o comportamento dos peixes na natureza.

Pesquisadores da Universidade Monash, em Melbourne, Austrália, e da Universidade de Tuscia, em Viterbo, Itália, completaram uma investigação de cinco anos sobre o impacto da poluição por fluoxetina em cursos d’água, focando em guppies selvagens (Poecilia reticulata).

Durante o estudo, que abrangeu até 15 gerações de guppies, os peixes foram expostos a três concentrações diferentes de fluoxetina: 0, 31,5 e 316 nanogramas por litro (ng/L).

Os pesquisadores monitoraram e registraram as atividades e comportamentos de risco dos guppies, usando concentrações semelhantes às encontradas em ambientes aquáticos naturais.

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Estudo revelou as implicações para a vida aquática e a saúde ambiental que a poluição por Prozac causa – Imagem: boban_nz/Shutterstock

Mais detalhes do estudo

  • Os cientistas também avaliaram características importantes dos guppies, como condição corporal, coloração, vitalidade do esperma e outros fatores para entender como os poluentes afetam a vida e a reprodução dos peixes.
  • Upama Aich, biólogo da Universidade Monash, observou que as baixas concentrações de fluoxetina alteraram a condição corporal e o tamanho do gonopódio dos guppies, além de reduzir a velocidade do esperma, o que pode prejudicar a reprodução.
  • Giovanni Polverino, professor da Universidade de Tuscia, destacou que a exposição a esses poluentes “reduziu significativamente a plasticidade comportamental dos guppies, diminuindo a capacidade dos peixes de ajustar sua atividade e comportamentos de risco em diferentes contextos.”

Publicado no Journal of Animal Ecology, o estudo concluiu que a exposição prolongada ao fluoxetina, mesmo em concentrações baixas, afeta os peixes tanto ao nível individual quanto em populações maiores.

Essas descobertas se juntam a um crescente corpo de pesquisas que documenta os danos causados pela poluição farmacêutica à vida aquática.

Em junho deste ano, cientistas alertaram sobre os impactos significativos de produtos farmacêuticos e drogas ilegais na vida selvagem, e os riscos potenciais para a saúde humana devido à contaminação das águas subterrâneas.

Poluição farmacêutica representa risco para espécies aquáticas – Imagem: AndrewFall/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.