O mais recente relatório de sustentabilidade da Meta revela uma dualidade intrigante: as emissões de carbono da empresa estão, ao mesmo tempo, crescendo e diminuindo. Essa aparente contradição surge ao comparar diferentes metodologias de cálculo — uma que considera as emissões totais, e outra que inclui as compras de energia renovável.

A Meta destaca a redução em seus relatórios, mas especialistas alertam que a realidade pode ser mais complexa.

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Emissões totais e líquidas da Meta

  • A confusão ocorre ao comparar as emissões totais, conhecidas como “location-based,” e as emissões líquidas, ou “market-based.”
  • As emissões totais da Meta, que representam a poluição local decorrente do uso de eletricidade nas operações da empresa, cresceram de forma constante desde 2019, atingindo 14.067.104 toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente em 2023.
  • Já as emissões líquidas, que levam em conta as compras de energia renovável, parecem ter diminuído, chegando a 7.443.182 toneladas métricas no mesmo ano.
Lupa em cima de logomarca da Meta
As emissões da Meta não são tão claras quanto poderiam ser. (Imagem: Cristian Valderas / Shutterstock.com)

Impacto real e a compensação no papel

A Meta enfatiza a redução das emissões líquidas (market-based) em seu relatório, mas especialistas, como Rachel Kitchin da Stand.earth, alertam que é difícil afirmar com precisão o quanto essas emissões foram realmente reduzidas.

Kitchin disse, em entrevista ao The Verge, que as emissões totais (location-based) refletem a poluição real, já que muitos dos centros de dados da Meta, especialmente nos EUA, dependem de uma rede elétrica alimentada majoritariamente por combustíveis fósseis.

Desafios e soluções para reduzir a pegada de carbono

Apesar dos esforços da Meta em apoiar novos projetos de energia renovável, como a iniciativa para desenvolver energia geotérmica para seus centros de dados, a empresa ainda enfrenta desafios significativos para atingir sua meta de emissões líquidas zero até 2030.

A Meta afirma que consegue apresentar uma pegada de carbono menor no papel porque compensa 100% do seu consumo de eletricidade com compras de energia renovável. Isso é possível através dos Certificados de Energia Renovável (RECs), que representam o benefício ambiental da energia renovável adquirida. No entanto, estudos apontam que as empresas podem superestimar a quantidade de gases de efeito estufa que acreditam estar reduzindo por meio desses certificados.

Para aumentar a eficácia de suas iniciativas, a Meta prioriza a compra de RECs atrelados a novos projetos de energia renovável nas regiões onde opera, buscando, assim, injetar mais energia limpa nas redes locais. Além disso, a empresa apoia novos projetos de energia renovável, como a iniciativa para desenvolver energia geotérmica para seus centros de dados, anunciada recentemente.

Apesar desses esforços, o caminho para atingir a meta de emissões líquidas zero até 2030 ainda é longo. O relatório da Meta mostra que, tanto as emissões “location-based” quanto as “market-based,” são significativamente maiores em 2023 do que em 2020, ano em que a empresa se comprometeu com esse objetivo.

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Meta e a energia geotérmica

A Meta anunciou uma nova parceria com a startup Sage Geosystems na esperança de que a energia geotérmica possa ajudar a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. O acordo visa o desenvolvimento de novas usinas geotérmicas que forneceriam energia livre de poluição para os novos centros de dados da Meta nos EUA.

Esta iniciativa surge no contexto da dificuldade da empresa em manter suas emissões de carbono sob controle desde que se comprometeu em 2020 a alcançar a neutralidade de carbono até o final da década.

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Uma renderização do projeto de energia geotérmica da Sage Geosystems. (Imagem: Sage Geosystems)

A energia geotérmica, que atualmente representa menos de 0,5% da matriz elétrica dos EUA, tem sido subutilizada devido às limitações das reservas naturais de calor. A Sage Geosystems está desenvolvendo tecnologias inovadoras para explorar formações rochosas secas e quentes, criando reservatórios artificiais por meio da perfuração e bombeamento de água subterrânea.

O projeto inicial prevê a geração de até 8 megawatts de energia até 2027, com a expectativa de escalar para 150 megawatts em um período de 36 a 48 meses. Embora o projeto seja promissor, enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de encontrar investidores e superar o custo elevado associado à criação de usinas geotérmicas.

A energia geotérmica oferece a vantagem de fornecer eletricidade contínua, uma característica valiosa para operar centros de dados 24 horas por dia, o que torna essa parceria um passo importante para a empresa em sua busca por soluções energéticas sustentáveis.