Seu tom de voz está diferente? Pode ser açúcar alto no sangue

Estudo revela que a frequência fundamental da voz pode refletir os níveis de açúcar no sangue, o que pode ajudar no diagnóstico da diabetes
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Ignacio de Lima 30/08/2024 17h38, atualizada em 05/09/2024 15h21
glicose no sangue
Imagem: Me dia/Shutterstock
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Quando os níveis de açúcar no sangue aumentam, o tom de voz também se altera, conforme revela um novo estudo. Essa descoberta pode revolucionar como detectamos a diabetes tipo 2 e monitoramos os níveis de glicose em diabéticos, permitindo que se faça isso simplesmente falando em um smartphone e analisando a fala com inteligência artificial (IA).

A diabetes tipo 2 é caracterizado pela resistência à insulina e pela perda gradual da capacidade do pâncreas de produzir insulina suficiente, resultando em níveis desequilibrados de açúcar no sangue.

Diagnosticar a condição precocemente é crucial para prevenir complicações a longo prazo. A ciência tem se empenhado em melhorar o diagnóstico e a monitorização da diabetes tipo 2, desde testes de proteínas no sangue até o uso de câmeras de smartphones para detecção.

Jaycee Kaufman, cientista-chefe da Klick Labs e principal autora do estudo, afirma: “Nosso estudo demonstra uma conexão significativa entre os níveis de glicose e a frequência fundamental da voz, o que justifica mais pesquisas sobre o uso da voz para prever e monitorar níveis de glicose”.

Voz IA
O novo estudo pode abrir caminho para novos meios de diagnosticar precocemente os tipos de diabetes – Imagem: peterschreiber.media/Shutterstock

A frequência fundamental, ou F0, refere-se ao tom da voz. A hipótese é que os níveis de glicose afetam as características da voz devido à forma como a tensão, a massa e o comprimento das cordas vocais variam conforme os níveis de glicose no corpo, alterando sua frequência vibracional. Os pesquisadores decidiram testar essa hipótese.

Mais detalhes do estudo

  • Foram recrutados 505 participantes, divididos em três grupos: 242 não diabéticos, 89 pré-diabéticos e 174 diabéticos do tipo 2.
  • Todos foram equipados com monitores contínuos de glicose (CGM) e instruídos a gravar suas vozes em um ambiente silencioso usando um aplicativo de smartphone personalizado até seis vezes ao dia durante duas semanas.
  • Os participantes foram orientados a recitar a frase “Olá, como vai? Qual é meu nível de glicose agora?” para capturar a frequência natural de suas vozes.

As gravações de voz foram comparadas com os dados de CGM mais próximos no tempo. Como os níveis de glicose eram medidos a cada 15 minutos, todas as gravações estavam em um intervalo de 7,5 minutos de uma medição de glicose.

Os pesquisadores encontraram uma correlação significativa entre o tom de voz e os níveis de glicose no sangue, com uma relação linear entre eles.

Apesar da correlação encontrada, os pesquisadores observaram que o tom de voz sozinho não seria suficiente para prever os níveis de glicose no sangue com precisão. “Outras características vocais provavelmente são necessárias para construir um modelo de previsão eficaz”, afirmaram.

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Além disso, os pesquisadores destacaram que fatores externos, como estados emocionais, infecções respiratórias e alergias, podem influenciar o tom da voz.

Imagem mostra um dedo perfurado, com uma gota de sangue à mostra. Na outra mão, um teste de diabetes
Os níveis de glicose podem ter correlação com o tom de voz do paciente – Imagem: Syda Productions/Shutterstock

Este estudo é mais um avanço da Klick Labs na pesquisa sobre a detecção e o gerenciamento da diabetes por meio da tecnologia de voz e aprendizado de máquina.

Em 2023, a equipe já havia identificado diferenças vocais entre diabéticos tipo 2 e pessoas sem a condição e demonstrado o potencial da IA para atuar como ferramenta de pré-triagem ou monitoramento.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.

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