A conta de luz vai ficar mais cara em setembro. Isso porque a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adotou a bandeira vermelha patamar dois para o mês. É a primeira vez que a agência aciona a bandeira vermelha 2 desde agosto de 2021 – e ocorreu por conta das previsões de chuvas abaixo da média.

Setembro costuma ser um mês no qual as temperaturas ficam elevadas e a precipitação fica abaixo da média. Traduzindo: é um mês que faz muito calor e chove pouco. Mas o Brasil enfrenta a pior seca da sua história, cenário preocupante que levou a Aneel a acionar o recurso emergencial.

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Seca combinada ao uso intenso das hidrelétricas vai fazer a energia ficar mais cara

A bandeira vermelha patamar 2 corresponde a um acréscimo de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Seu acionamento quebrou a sequência de bandeira verde iniciada em abril de 2022, sustentado pelo volume de chuvas combinado à geração de energia renovável no país.

As usinas hidrelétricas têm sido muito usadas. Em meio ao período de estiagem, com chuvas abaixo da média, os reservatórios esvaziaram mais rápido, o que levou ao acionamento de termelétricas. É o que explicou Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel e professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Usinas hidrelétricas têm sido muito usadas, o que, junto à seca, fez níveis dos reservatórios abaixarem rápido (Imagem: Evgeny_V/Shutterstock)

“Esses eventos criam as condições para a bandeira vermelha, que deve ser duradoura”, disse o professor. Para Santana, a bandeira vermelha 2 tende a ser mantida ao menos até novembro.

Essa previsão do professor se encaixa com a estimativa do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cuja análise aponta que a seca deve piorar ao longo de setembro, outubro e novembro, pelo menos.

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Pior seca da história do Brasil afeta (quase) todo o país

A maior seca da história do Brasil afeta o país de forma generalizada, alerta o Cemaden. Segundo a análise do órgão, a estiagem se alastrou por quase o país todo – a única exceção foi o Rio Grande do Sul.

Visão aérea de rio seco na Amazônia, com galpões na sua margem
Rios da Amazônia registram níveis abaixo da média histórica (Imagem: Rafa Neddenmeyer/Agência Brasil)

Até então, a pior seca tinha sido registrada em 2015, quando “apenas” uma parte das regiões do país foi afetada. Em comparação à estiagem de 2015, a atual atinge uma área maior do país, que acaba afetado de forma mais intensa.