A Starlink funcionar via satélite pode inviabilizar o corte completo da internet oferecida pela empresa de Elon Musk no Brasil. Por isso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não garante que conseguiria barrar a operação da empresa no país.

Em tese, isso teria que acontecer em dois casos. 1) suspensão dos serviços por medida judicial – foi o que aconteceu com o X (antigo Twitter), outra empresa de Musk; ou 2) cassação da outorga de operação (como se fosse uma autorização para a empresa fornecer internet no país).

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O conselheiro diretor Artur Coimbra de Oliveira explicou ao jornal O Globo, em nome da agência, que a comunicação da Starlink é feita entre os terminais dos usuários, em suas casas, os satélites e estações terrestres (gateways). E existem 20 estações no Brasil.

Em caso de suspensão dos serviços ou cassação da outorga, a Anatel atuaria nessas estações terrestres, segundo ele. “A gente tem instrumentos necessários para, se não barrar totalmente, prejudicar a operação e funcionalidade do serviço. Isso seria feito por meio de um processo de lacrar as estações terrenas no Brasil.”

Satélites da Starlink da SpaceX
Anatel poderia dificultar comunicação entre satélites da Starlink e terminais no Brasil (Imagem: Albert89/Shutterstock)

Atualmente, a Starlink cobre o Brasil todo, com 200 mil pontos de acesso (leia-se: antenas) espalhadas. E cada antena pode ter mais de um usuário. Na prática, a internet oferecida pela empresa é mais usada em regiões remotas, como na Amazônia.

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Starlink suspendesse o acesso dos seus usuários ao antigo Twitter. A empresa se recusou a cumprir a decisão.

Caso a empresa mantenha essa postura, a Anatel pode abrir um procedimento por descumprimento de obrigações. E isso abriria caminho para aplicação de sanções – entre elas, a cassação da outorga. É o que explicou o conselheiro diretor Artur Coimbra de Oliveira ao jornal.

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Clientes da Starlink no Brasil receberam e-mail da empresa, em 29 de agosto, dizendo que o serviço continuará funcionando de graça, se necessário. Mais cedo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tinha bloqueado contas da empresa.

Montagem com fotos de celular com logomarca da Starlink na tela e do ministro Alexandre de Moraes, no STF
Ministro Alexandre de Moraes, do STF), bloqueou contas da Starlink e exigiu que empresa suspendesse dos seus usuário o acesso ao X (Imagem: rafapress e Focus Pix – Shutterstock)

O objetivo do bloqueio das contas é garantir o pagamento das multas aplicadas ao X (antigo Twitter), outra empresa de Musk, por não cumprir ordens judiciais do STF. Na sexta-feira (30), Moraes determinou a suspensão do acesso à rede social no país (e a Primeira Turma do STF decidiu unanimemente manter o bloqueio).