Pesquisadores da Universidade de Stanford fizeram uma descoberta inovadora que pode transformar a forma como os cientistas observam os tecidos internos de animais vivos, conforme divulgado em um novo estudo. Inclusive, as imagens podem ser um pouco incômodas. Então, acesse a pesquisa caso queira ver!

Ao aplicar o corante alimentar FD&C Amarelo 5 (tartrazina) na pele de camundongos, eles conseguiram tornar a pele dos roedores quase transparente.

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Esse avanço permite a visualização de órgãos e estruturas internas sem a necessidade de biópsias ou procedimentos pós-morte, oferecendo uma alternativa mais ética e menos invasiva para a pesquisa.

Tradicionalmente, visualizar tecidos internos de animais vivos era limitado por técnicas que exigiam procedimentos invasivos.

A aplicação do tartrazina resolve um problema crítico: a dispersão de luz causada pelos componentes proteicos e lipídicos da pele dos animais, que torna a pele opaca e impede a visualização das camadas mais profundas.

O corante atua absorvendo luz nas regiões do ultravioleta e azul do espectro, permitindo que a luz vermelha e laranja penetre mais profundamente no tecido, o que basicamente torna a pele dos camundongos transparente. Esse efeito é facilmente reversível quando o corante é lavado.

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As descobertas podem tornar a pesquisa em biologia mais ética e acessível – Imagem: Shutterstock/Egoreichenkov Evgenii

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Utilizando essa técnica, os pesquisadores aplicaram o corante no abdômen dos camundongos e conseguiram observar neurônios marcados com marcadores fluorescentes em tempo real.

A observação revelou a motilidade intestinal, fornecendo novos insights sobre problemas digestivos como a Síndrome do Intestino Irritável (SII). Além disso, aplicaram o corante nos crânios dos camundongos para visualizar o funcionamento dos vasos sanguíneos cerebrais e nos membros posteriores para examinar a musculatura dos roedores.

Os pesquisadores destacam que sua abordagem oferece oportunidades significativas para visualizar a estrutura, a atividade e as funções de tecidos e órgãos profundamente enraizados sem a necessidade de remoção cirúrgica ou substituição de tecidos por janelas transparentes.

Técnica pode inovar a pesquisa científica

  • Esta técnica não só amplia a capacidade de investigação em biologia, como também pode aumentar a gama de animais que podem ser usados em pesquisas, ao permitir que quase qualquer animal se torne ‘temporariamente transparente’ para análise.
  • Christopher J. Rowlands e Jon Gorecki, pesquisadores que não participaram do estudo, apontam que, com a aplicação adequada do corante, a profundidade das imagens pode melhorar em até dez vezes.
  • Isso pode possibilitar avanços significativos em técnicas como imagens multifótons para examinar o cérebro de camundongos e na detecção de tumores em tecidos espessos com o uso de tomografia de coerência ótica.

A técnica desenvolvida no estudo não apenas aprimora a pesquisa em biologia, mas também representa um passo importante em direção a métodos de pesquisa mais humanos e menos invasivos.

Visão interna de animais de pesquisa vivos, possibilitada pela nova técnica, deve trazer avanços científicos – Imagem: Kampol Taepanich – Shutterstock