Um medicamento para diabetes tipo 2 pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver demência em pacientes com a doença. A descoberta feita por um grupo de pesquisadores coreanos abre novas possibilidades para o tratamento da condição, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Os cientistas compararam os resultados de saúde de dois grupos de pacientes que tomaram dois tipos de inibidores: o SGLT-2 e o DPP-4. Durante quase dois anos de acompanhamento, o primeiro deles mostrou proteger as pessoas contra o desenvolvimento da demência.

publicidade

Os detalhes do estudo foram divulgados na revista The BMJ.

O que diabetes tem a ver com demência?

Na diabetes tipo 2, o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente. Esse hormônio é responsável por transportar o açúcar do sangue para as células. Assim, a falta dele resulta em altos níveis de glicose no sangue. A demência, por sua vez, é um termo que engloba várias condições que afetam a memória, o pensamento e a capacidade de realizar atividades do dia a dia.

A diabetes é conhecida por aumentar o risco de duas das formas mais comuns de demência: a doença de Alzheimer e a demência vascular. Essas condições estão ligadas a problemas nos vasos sanguíneos do cérebro que levam ao declínio cognitivo.

O diabeste tipo 2 é um conhecido fator de risco para demência – Imagem: Lightspring/Shutterstock

Leia mais:

Embora não entendamos completamente a relação entre diabetes e demência, existem algumas explicações possíveis. Por exemplo, a diabetes pode aumentar o risco de doenças cardíacas e derrames, que danificam os vasos sanguíneos e, consequentemente, o cérebro. Além disso, altos níveis de açúcar no sangue podem causar inflamação, prejudicando as células cerebrais e contribuindo para o desenvolvimento de demência.

Medicamento para diabetes reduz risco de demência

  • Se a diabetes aumenta o risco de demência, tratar a doença consequentemente reduz esse fator. Esta teoria se confirmou na nova pesquisa.
  • O uso do medicamento SGLT-2 reduziu em 35% o risco de pacientes desenvolverem demência. No entanto, apenas ele, dos dois testados, teve efeitos significativos.
  • Um dos motivos é que o medicamento, além de reduzir os níveis de açúcar no sangue, também pode melhorar a pressão arterial, promover a perda de peso e reduzir danos às células.
  • Tanto a obesidade quanto a pressão alta são fatores de risco para a demência vascular e do tipo Alzheimer.
  • Ou seja, o SGLT-2 age em mais de um dos fatores de risco da doença e pode ser por isso que apresentou os melhores resultados.
O medicamento Canagliflozina (Invokana) é usado no tratamento do diabetes e é um dos que utilizam inibidores SGLT-2. – Imagem: Photo Nature Travel/Shutterstock

O tratamento para diabetes é um caminho, não a solução

Embora um medicamento para diabetes possa reduzir o risco de uma doença, isso não significa que ele seja eficaz no tratamento dessa condição. Por exemplo, parar de fumar reduz o risco de câncer de pulmão, mas não trata o câncer já existente.

No caso da demência, alguns medicamentos para diabetes foram investigados como tratamentos potenciais devido à sua relação com a doença de Alzheimer. A semaglutida (Ozempic), por exemplo, está sendo estudada em dois grandes ensaios clínicos.

Futuramente, é possível que esses medicamentos para diabetes, juntamente com outros tratamentos, ajudem a combater ou prevenir a demência. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos.