Medicamento para diabetes tipo 2 pode reduzir risco de demência

Pesquisa mostra que pacientes com diabetes tipo 2, ao receberem certo medicamento, apresentaram risco menor de desenvolver demência
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares 06/09/2024 06h50
Medicamento-diabetes-1920x1080.png
Imagem: Shutterstock/Karlevana
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um medicamento para diabetes tipo 2 pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver demência em pacientes com a doença. A descoberta feita por um grupo de pesquisadores coreanos abre novas possibilidades para o tratamento da condição, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Os cientistas compararam os resultados de saúde de dois grupos de pacientes que tomaram dois tipos de inibidores: o SGLT-2 e o DPP-4. Durante quase dois anos de acompanhamento, o primeiro deles mostrou proteger as pessoas contra o desenvolvimento da demência.

Os detalhes do estudo foram divulgados na revista The BMJ.

O que diabetes tem a ver com demência?

Na diabetes tipo 2, o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente. Esse hormônio é responsável por transportar o açúcar do sangue para as células. Assim, a falta dele resulta em altos níveis de glicose no sangue. A demência, por sua vez, é um termo que engloba várias condições que afetam a memória, o pensamento e a capacidade de realizar atividades do dia a dia.

A diabetes é conhecida por aumentar o risco de duas das formas mais comuns de demência: a doença de Alzheimer e a demência vascular. Essas condições estão ligadas a problemas nos vasos sanguíneos do cérebro que levam ao declínio cognitivo.

O diabeste tipo 2 é um conhecido fator de risco para demência – Imagem: Lightspring/Shutterstock

Leia mais:

Embora não entendamos completamente a relação entre diabetes e demência, existem algumas explicações possíveis. Por exemplo, a diabetes pode aumentar o risco de doenças cardíacas e derrames, que danificam os vasos sanguíneos e, consequentemente, o cérebro. Além disso, altos níveis de açúcar no sangue podem causar inflamação, prejudicando as células cerebrais e contribuindo para o desenvolvimento de demência.

Medicamento para diabetes reduz risco de demência

  • Se a diabetes aumenta o risco de demência, tratar a doença consequentemente reduz esse fator. Esta teoria se confirmou na nova pesquisa.
  • O uso do medicamento SGLT-2 reduziu em 35% o risco de pacientes desenvolverem demência. No entanto, apenas ele, dos dois testados, teve efeitos significativos.
  • Um dos motivos é que o medicamento, além de reduzir os níveis de açúcar no sangue, também pode melhorar a pressão arterial, promover a perda de peso e reduzir danos às células.
  • Tanto a obesidade quanto a pressão alta são fatores de risco para a demência vascular e do tipo Alzheimer.
  • Ou seja, o SGLT-2 age em mais de um dos fatores de risco da doença e pode ser por isso que apresentou os melhores resultados.
O medicamento Canagliflozina (Invokana) é usado no tratamento do diabetes e é um dos que utilizam inibidores SGLT-2. – Imagem: Photo Nature Travel/Shutterstock

O tratamento para diabetes é um caminho, não a solução

Embora um medicamento para diabetes possa reduzir o risco de uma doença, isso não significa que ele seja eficaz no tratamento dessa condição. Por exemplo, parar de fumar reduz o risco de câncer de pulmão, mas não trata o câncer já existente.

No caso da demência, alguns medicamentos para diabetes foram investigados como tratamentos potenciais devido à sua relação com a doença de Alzheimer. A semaglutida (Ozempic), por exemplo, está sendo estudada em dois grandes ensaios clínicos.

Futuramente, é possível que esses medicamentos para diabetes, juntamente com outros tratamentos, ajudem a combater ou prevenir a demência. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses efeitos.

Nayra Teles
Redator(a)

Nayra Teles é estudante de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi (UAM) e redatora no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.