Cupins podem se explodir — e a ciência finalmente entendeu como

Alguns cupins são capazes de romper o próprio corpo, liberando um líquido altamente venenoso que pode imobilizar ou matar os predadores
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 09/09/2024 11h12
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Imagem: MemoryMan/Shutterstock
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Os cupins da espécie Neocapritermes taracua são conhecidos por sua capacidade de se explodirem quando ameaçados. Isso é possível graças a uma reserva de um líquido tóxico localizada na parte traseira do animal. Mas a ciência nunca soube ao certo como esta “arma secreta” funciona.

Reação dos cupins quando existe alguma ameaça

  • Estes insetos possuem um par especializado de glândulas em seus abdômens que secretam uma enzima chamada lacase azul BP76.
  • À medida que envelhecem, os cupins armazenam cada vez mais dessa substância em uma espécie de bolsa localizada nas costas do animal.
  • A arma é acionada quando existe alguma ameaça.
  • Neste momento, os cupins rompem o próprio corpo, fazendo com que a enzima entre em contato com secreções produzidas em suas glândulas salivares.
  • Essa combinação forma um líquido pegajoso, rico em substâncias altamente venenosas que podem imobilizar ou matar os predadores.
Cupins podem ativar “arma secreta” quando ameaçados (Imagem: AU USAnakul/Shutterstock)

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Descobertas revelam como o sistema funciona

Em um novo estudo, publicado na revista Structure, cientistas da Czech Academy of Sciences, da República Tcheca, analisaram como a BP76 poderia permanecer em estado sólido enquanto armazenada nas costas dos cupins. A principal dúvida era como a substância poderia ser guardada sem riscos para o animal e, ao mesmo tempo, causar uma reação instantânea quando liberada.

A equipe descobriu que a estrutura tridimensional da enzima possibilita que a BP76 tenha “uma variedade de estratégias de estabilização”. Com isso, a enzima pode se dobrar, o que a ajuda em sua resistência.

Cientistas descobriram como cupins se explodem (Imagem: Škerlová et al, 2024/Structure)

A proteção também ganha uma nova camada por meio de moléculas de açúcar que são anexadas à proteína. O resultado é uma espécie de escudo protetor para os animais.

Os pesquisadores ainda concluíram que uma ligação química entre dois aminoácidos (lisina e cisteína) permite que a substância mantenha a forma e permaneça totalmente funcional, pronta para ser ativada. É isso que garante a forma sólida da enzima durante o período de armazenamento.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.