O combo de queimadas com seca histórica já deixou a comida mais cara no Brasil. E a tendência é que o preço de alimentos suba ainda mais ao longo dos próximos meses por conta desse combo, segundo uma reportagem publicada pelo Uol.

Nos últimos meses, o aumento das queimadas fez com que os focos de calor mais que dobrassem em relação a 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). E o país enfrenta a pior seca dos últimos 44 anos. Entre os alimentos e insumos afetados por esse cenário, estão: açúcar, carnes, feijão, leite (e derivados) e suco de laranja.

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Entre os entrevistados pela reportagem, está a economista Luciana Rosa de Souza, professora da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). E ela acredita que não faltará produtos nas gôndolas dos supermercados.

Queimadas dificulta colocar comida no prato no Brasil

Confira abaixo os destaques sobre os impactos das queimadas nos preços dos alimentos e insumos citados:

Helicóptero ajudando no combate às queimadas em floresta no Brasil
Queimadas e seca histórica deixam alimentos mais caros no Brasil (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

Açúcar

O aumento das queimadas tem feito o preço de alguns produtos subirem na Bolsa de Valores – e entre eles, está o açúcar cristal e refinado. A alta chegou a 2,36% em média, disse a economista. “Todos sentirão a alteração nos valores da compra.”

As queimadas também afetam o cultivo de cana-de-açúcar. O Brasil é o maior produtor do mundo e lidera as exportações globais no segmento sucroalcooleiro. E só no estado de São Paulo, que lidera o cultivo, o fogo consumiu cerca de 80 mil hectares. O prejuízo é de R$ 800 milhões, estima a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).

Carnes

Com clima seco e oferta de animais criados em pasto cada vez mais escassa, a criação de gado deve passar para o confinamento, que é mais caro. Além disso, pecuaristas precisam complementar a alimentação do gado com ração. É o que dizem pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), segundo a reportagem.

Gado comendo no pasto
Com pasto seco, pecuaristas complementam alimentação do gado com ração (Imagem: Agência Brasil)

A demanda por outros tipos de carne, como suína e de frango, deve aumentar. Mas isso não deve pressionar a inflação, segundo o coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Andre Braz.

Feijão

A economista da Unifesp estima que o aumento no preço do feijão deve chegar a 40% no atacado até o final de 2024. “As perdas que os agricultores tiveram acabam elevando os preços porque eles trabalham com margem de lucro e muitos riscos”, explicou.

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Leite (e derivados)

A situação das carnes “também vai afetar o valor do leite e seus derivados, como manteiga, requeijão e iogurte”, disse o coordenador dos Índices de Preços do Ibre.

Suco de laranja

A combinação de queimadas e seca também vai aumentar o preço da laranja, cuja safra prevista será baixa. Além disso, os estoques estão baixos – e o Brasil é o maior produtor de laranja e suco do mundo.

Laranjas empilhadas
Próxima safra de laranjas deve ser baixa por conta das queimadas (Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil)

Resultado: oferta de laranja e suco de laranja para o atacado e varejo pode ser menor, o que deve manter preços elevados por algum tempo.