Eu não sei como são as avós modernas. Na minha época, as casas delas eram repletas de quinquilharias. No caso da minha, eu gostava de brincar com uma maleta cheia de botões de camisa. Eram mais de 50 botões – e das mais variadas cores. Na minha cabeça, cada um era uma pedra preciosa.

É claro que os botões da minha avó não tinham nada de preciosos (pelo menos em valor material). Na casa de uma outra avó, na Romênia, porém, a história foi bem diferente…

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Imagine chegar na casa de uma senhora e ver no chão um peso de porta. Uma pedra colorida sem nenhum destaque. Isso é bastante comum no Brasil também: você quer deixar o ar circular pela casa e coloca algum objeto pesado para escorar a porta.

No caso dessa senhora romena, a pedra utilizada era, na verdade, uma pepita de âmbar, que é uma espécie de resina de árvore que endureceu com o tempo. Só que não era uma pepita normal: estamos falando de um dos maiores exemplares do mundo (e que tem grande valor comercial e científico).

Uma pepita de milhões de anos – e de euros!

  • Quem contou essa história foi o diretor do Museu do Condado de Buzau, Daniel Costache, que conversou com a reportagem do jornal El País.
  • Ele disse que a senhora romena utilizou o âmbar como peso de porta por muitos anos e que o objeto só foi analisado depois de 1991, quando ela faleceu.
  • Um parente recebeu a pedra esquisita de herança e foi investigar.
  • Descobriu que se tratava de uma pepita de âmbar de 3,5 kg, uma das maiores do mundo.
  • E isso fazia todo sentido, uma vez que a senhora teria retirado a pedra do leito de um riacho em Colti, um vilarejo ao sul da Romênia conhecido justamente pela concentração do material.
Fachada do Museu de Buzau, onde o peso de porta está agora, já como uma rara pepita de âmbar – Imagem: Reprodução/Buzău County Museum
  • No fim, esse parente vendeu a pedra ao governo romeno, que classificou o âmbar como “tesouro nacional”.
  • Sabe quanto ele ganhou pela venda? Cerca de € 1 milhão, algo na casa dos R$ 6 milhões!!!
  • Calma que a história fica ainda melhor.
  • Os romenos enviaram a pedra para uma avaliação no Museu de História de Cracóvia, na Polônia, e descobriram que estavam diante de uma pepita milenar.
  • Segundo os especialistas, o âmbar provavelmente tem entre 38 e 70 milhões de anos.
  • Se forem 70 milhões de anos mesmo, ele teria sido formado na Era Mesozoica e dividido a Terra com os dinossauros.

Riquezas romenas

A Romênia está entre os países com os depósitos mais significativos de âmbar no mundo. E o Condado de Buzau é justamente uma das áreas onde essa pedra semipreciosa é encontrada em abundância.

A extração do material começou na década de 1920, aproximadamente. E os geólogos passaram a chamar o material encontrado na região de “rumanit”, ou o “âmbar de Buzau”.

Arqueólogos já encontraram inúmeras pepitas de âmbar no local, muitas delas com grande valor científico. Isso porque o material pode conter restos fósseis de animais que viveram em outras eras, como aranhas, besouros, mosquitos, crustáceos, répteis, penas de pássaros e até mesmo pelagem de mamíferos.

O âmbar pode trazer restos fósseis em sua composição – Imagem: Vitória Gomez via Gemini/Olhar Digital

Uma bela história para você começar bem a semana. E uma lição para você olhar com mais carinho para as coisas que ficam na casa da sua avó.

As informações são do Science Alert.