Bolha de calor sem precedentes é registrada na Antártida

A NASA detectou picos de temperatura acima da Antártida durante o mês de julho, representando um aquecimento histórico da estratosfera
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 16/09/2024 13h26, atualizada em 16/09/2024 20h39
Antártida vista do espaço
(Imagem: Harvepino/Shutterstock)
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Cientistas da NASA identificaram mais um efeito das mudanças climáticas. Eles detectaram picos de temperatura acima da Antártida durante o mês de julho, representando o aquecimento mais precoce da estratosfera já registrado.

Temperaturas recuaram, mas voltaram a aumentar dias depois

  • A estratosfera, região que se estende de cerca de 10 até 50 quilômetros acima da superfície da Terra, vem sendo monitorado há anos durante o inverno do Hemisfério Sul.
  • Normalmente, a temperatura na estratosfera média, cerca de 30 quilômetros acima da superfície, é de aproximadamente – 80ºC.
  • No entanto, em 7 de julho deste ano, os termômetros marcaram -65ºC.
  • Segundo os pesquisadores da NASA, o aquecimento é “incomum” e “surpreendente”, sendo a primeira vez que o fenômeno é observado desde o início das medições, há 44 anos.
  • As altas temperaturas persistiram por duas semanas, antes de voltarem a cair em 22 de julho.
  • No dia 5 de agosto, no entanto, os termômetros voltaram a registrar picos de calor.
  • Esse pico estabeleceu um novo recorde de temperatura mais quente detectada na estratosfera acima da Antártida neste período do ano.
  • As informações são do Space.com.
Terra vista do espaço
Visão da estratosfera (Imagem: NASA)

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Aquecimento da região é incomum

No inverno, a estratosfera é dominada por ventos de oeste que circundam o Polo Sul a cerca de 300 km/h. Comumente conhecido como vórtice polar, o fluxo em torno dos polos é normalmente simétrico.

No entanto, às vezes, há uma interrupção e, quando os ventos enfraquecem, a forma do fluxo é alterada. Quando o vórtice polar se torna mais esticado, os ventos diminuem, levando a um aquecimento significativo na estratosfera sobre a região antártica.

O vórtice polar do Hemisfério Sul normalmente permanece menos ativo do que sua contraparte ártica. Eventos repentinos de aquecimento acontecem na Antártida uma vez a cada cinco anos ou mais, com muito menos frequência do que no Ártico.

Temperaturas na estratosfera costumam ser bem menores (Imagem: Chaleephoto/Shutterstock)

Isso provavelmente ocorre porque o Hemisfério Norte tem mais terra, o que pode interromper o fluxo de vento na troposfera, a camada atmosférica inferior perto do solo. Sistemas climáticos de grande escala que se desenvolvem na troposfera e progridem para a estratosfera podem afetar o vórtice polar.

Segundo os pesquisadores, o aquecimento repentino da estratosfera não tem necessariamente uma conexão clara com o clima. Eles explicam que variações nas temperaturas da superfície do mar e no gelo marinho podem perturbar esses sistemas climáticos de grande escala.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.