O que são os “dedos da morte” sob o gelo da Antártida?

Formações de salmoura deixam um rastro de destruição por onde passam; imagens registradas pela BBC mostram como funciona esse fenômeno.
Por Bob Furuya, editado por Lucas Soares 16/09/2024 17h38
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Imagem: Mozgova/Shutterstock
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O inverno no Hemisfério Sul, que vivemos agora, promove um dos espetáculos ocultos mais impressionantes da natureza. Você provavelmente sabe o que é uma estalactite. São aquelas estruturas minerais pontiagudas que descem do teto de uma caverna em direção ao solo. Mas você sabia que elas existem também no mar?

O formato e a lógica são bem parecidos, mas o nome é diferente. Você pode chamá-la de brinícula ou de “dedos da morte”. É um fenômeno submarino raro que foi documentado pela primeira vez em 1974 apenas. Os cientistas sabiam do que se tratava, mas nunca conseguiram registrar imagens.

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Em 2017, porém, a britânica BBC exibiu o fenômeno no seu documentário Earth’s Great Seasons. O vídeo é belíssimo – e deixa muito claro o motivo desse nome de “dedos da morte”:

Pois é! As ramificações se parecem com dedos e, quando ele toca em algo, isso congela na mesma hora. E as estrelas do mar que apareceram no vídeo, por exemplo, morreram.

Como se formam as brinículas?

  • O fenômeno ocorre apenas nas regiões polares, durante o inverno.
  • Nessa época, a temperatura acima do mar cai para mais ou menos -40ºC, bem mais fria do que a água do oceano, que fica em torno de -2ºC.
  • Nessas condições, o congelamento da superfície não forma um gelo sólido, mas sim “poroso”.
  • Por esses poros, corre uma água salgada e muito gelada, direcionada para baixo devido à sua densidade.
  • Esse jato de salmoura resfria a água do oceano ao redor de si, que é menos densa, menos fria e acaba se congelando.
  • O formato acaba muito parecido com o da estalactite.
  • Se o mar estiver calmo, essa estrutura segue crescendo até o chão, onde ela continua a se expandir, como mostraram as imagens.
  • No solo, o processo continua como um rio de gelo, que congela tudo que encontra pelo caminho.
Existe um universo completo por baixo das geleiras dos pólos – Imagem: Trismegist san/Shutterstock

Você pode acompanhar esse e outros fenômenos no documentário Earth’s Great Seasons, da BBC. Ele está disponível atualmente no streaming apenas para assinantes da Apple TV.

As informações são do IFL Science.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.