Guerra dos Chips: essas são as empresas chinesas que você deve ficar de olho

Em função das sanções impostas pelos EUA, a China está tentando encontrar empresas nacionais que possam substituir a Nvidia
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 18/09/2024 06h10
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Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock
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As sanções impostas pelos Estados Unidos para impedir que a China tenha acesso a chips semicondutores estão gerando reações por parte de Pequim. Uma delas é a intensificação dos esforços internos chineses para impulsionar este mercado. O objetivo é encontrar empresas nacionais que possam substituir a Nvidia.

China aposta na indústria doméstica

Segundo analistas ouvidos pela CNBC já existem algumas companhias chinesas que tentam desempenhar o papel de concorrentes da Nvidia no país. Apesar de isso ainda não ser uma realidade, a ideia de Pequim é que alguma dessas empresas (ou mais de uma) domine o mercado que hoje ainda é controlado pela norte-americana.

Uma das opções mais óbvias é a gigante chinesa Huawei. A atual geração de chips da empresa é chamada de Ascend 910B, e a companhia está se preparando para lançar o Ascend 910C, que pode estar no mesmo nível do produto H100 da Nvidia. Em seu relatório anual no início deste ano, a Nvidia identificou explicitamente a Huawei, entre outras empresas, como concorrente em áreas como chips, software para IA e produtos de rede.

Empresa foi citada pela própria Nvidia como uma “ameaça” (Imagem: g0d4ather/Shutterstock)

Também disputam esta corrida tecnológica empresas como Alibaba e Baidu. Elas compram chips da Nvidia, mas também estão projetando seus próprios semicondutores para processos de IA.

A Baidu, uma das maiores empresas de internet da China, projeta seus próprios chips para uso em servidores e carros autônomos sob a marca Kunlun. Já a unidade de design de semicondutores do Alibaba, chamada T-Head, desenvolveu um chip de inferência de IA chamado Hanguang 800.

Correm por fora, mas não podem ser descartadas, a Biren Tecnologia, a Cambricon Technologies, a Enflame Technology e a Moore Threads. A primeira delas projeta uma GPU de uso geral e possui uma plataforma de desenvolvimento de software para criar aplicativos sobre o hardware. No ano passado, a Biren foi adicionada a uma lista negra dos EUA conhecida como Lista de Entidades, que restringe seu acesso a certas tecnologias americanas.

A Cambricon Technologies, por sua vez, projeta vários tipos de semicondutores, desde aqueles para treinar modelos de IA até aqueles que podem executar aplicativos de inteligência artificial em dispositivos, em vez de em data centers. No entanto, a empresa está registrando perdas significativas e até demitiu trabalhadores no ano passado.

A Enflame Technology é outra start-up da China que luta para se posicionar como uma alternativa doméstica à Nvidia. A empresa projeta chips para data centers focados em treinamento e processos de IA.

Enquanto isso, a Moore Threads está desenvolvendo GPUs projetados para treinar grandes modelos de IA. A missão da empresa é se tornar uma “líder global” do setor, de acordo com um comunicado em seu site.

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EUA querem impedir acesso da China aos chips semicondutores (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Disputa pela hegemonia tecnológica mundial

  • Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.
  • O movimento tem sido chamado de “guerra dos chips“.
  • Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.
  • Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.