Uma ilha europeia era habitada por ‘mini elefantes’ — até que o homem chegou

Pequenos elefantes e hipopótamos vivam no Chipre, mas não resistiram à chegada de seres humanos, há cerca de 14 mil anos
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 20/09/2024 09h04
Elefante de luto em pé sobre um bebê morto no Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia
Elefante de luto em pé sobre um bebê morto no Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia. Imagem: Stu Porter / Shutterstock
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Já imaginou viver em um mundo onde existissem versões menores de grandes mamíferos, como elefantes e hipopótamos? Pois esse mundo existiu há uns 14 mil anos. E essas duas espécies viviam no Chipre, uma ilha europeia que fica na parte leste do Mar Mediterrâneo, colada ao Oriente Médio.

Os pequenos hipopótamos tinham o tamanho de um javali e pesavam cerca de 130 quilos. Já os elefantes-anões eram da altura de cavalo e pesavam 500 quilos, bem menos que as 4 toneladas que o elefante asiático atinge atualmente.

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Segundo os cientistas, as duas espécies eram extremamente pacíficas e não tinham grandes predadores naturais na região. Esses animais, porém, foram extintos há mais de 12 mil anos.

Os pesquisadores levantaram duas hipóteses para o desaparecimento: ou os mamíferos não resistiram às mudanças ambientais ou eles foram vítimas da ação do homem, que criou assentamentos na ilha de Chipre há aproximadamente 14 mil anos atrás.

Alguns especialistas diziam que a pequena população humana que ocupou a região no período não seria capaz de exterminar as duas espécies. Um novo estudo divulgado nesta semana, porém, confirma essa teoria.

Vista aérea da maravilhosa cidade de Ayia Napa, no Chipre – Imagem: DaLiu/Shutterstock

A ação predatória do homem

  • Os cientistas construíram modelos de computador para simular o que teria acontecido na região.
  • Colocaram na conta fatores como tamanho populacional, longevidade, sobrevivência e fertilidade dos animais.
  • No lado dos homens, apresentaram estimativas de quantos humanos seriam, quanto tempo levaria para processar cada carcaça e quanta energia os caçadores precisam para sobreviver.
  • Eles trabalharam com a hipótese de que essas duas espécies serviram como alimento para os homens que chegaram à ilha.
  • De acordo com a máquina, uma pequena população humana, entre 3 e 7 mil pessoas, poderia facilmente ter levado primeiro os hipopótamos-anões e depois os elefantes-anões à extinção.
  • E esse processo teria durado algo em torno de mil anos, exatamente o tempo mostrado pelos achados paleontológicos.
  • Os cientistas afirmam que esse estudo mostra que até mesmo pequenas populações humanas podem perturbar ecossistemas e causar grandes extinções.
  • Segundo eles, a ilha de Chipre foi apenas um exemplo – e o homem causou a extinção de diversas outras espécies ao redor do mundo e no decorrer da história.
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A ilha de Chipre era povoada por elefantes-anões, mas eles foram exterminados pela ação do homem – Imagem: Villiers Steyn/Shutterstock

Ilhas de “anões”

Um dado interessante é que Chipre não era a única ilha do Mediterrâneo com vida selvagem anã. Na verdade, Creta, Malta, Sicília, Sardenha e muitas outras ilhas tinham seus próprios elefantes e hipopótamos em tamanhos reduzidos.

E eles tiveram ancestrais comuns com os grandes mamíferos que conhecemos hoje. A ciência chama esse fenômeno de nanismo insular. Trata-se de um processo no qual uma espécie continental outrora grande evolui para uma menor.

Isso ocorre como uma resposta evolutiva para se adaptar a um novo terreno, com menos recursos e, principalmente, menos predadores. Sim, como a ilha não apresentava predadores naturais para as duas espécies, elas acabaram ficando menores com o tempo.

Infelizmente, esse processo também tornou os dois animais mais vulneráveis. ​​E a chegada de um novo predador à área (no caso, os humanos) levou a uma extinção relativamente rápida.

As informações são do Science Alert.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.