Guerra dos chips: Huawei pode substituir Nvidia?

A China aposta na indústria doméstica para superar as sanções impostas pelos EUA e, segundo analistas, a escolha mais óbvia é a Huawei
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 20/09/2024 06h15
Logo da Huawei em cima de um chip de placa-mãe
(Imagem: g0d4ather/Shutterstock)
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A China tem um grande desafio pela frente: encontrar uma empresa que possa substituir a Nvidia. Uma série de sanções impostas pelos Estados Unidos tenta impedir que o regime chinês tenha acesso a chips semicondutores. Por isso, Pequim está apostando na indústria doméstica. E, segundo analistas, a escolha mais óbvia é a Huawei.

Replicar o modelo da Nvidia pode não ser possível

A Huawei está desenvolvendo chips cada vez mais avançados, de acordo com Paul Triolo, sócio da consultoria Albright Stonebridge. A nova geração de chips da empresa, a Ascend 910C, pode estar no mesmo nível do produto H100 da Nvidia. No entanto, isso pode não ser o suficiente.

A Nvidia obteve sucesso devido aos seus semicondutores avançados, mas também com sua plataforma de software CUDA, que permite aos desenvolvedores criar aplicativos para rodar no hardware da fabricante de chips dos EUA. Isso levou ao desenvolvimento de um chamado ecossistema em torno dos produtos da Nvidia que não é nada fácil de replicar.

Para o especialista, esta é a chave para qualquer chinesa que quiser competir com a empresa norte-americana. Ele afirma que na área de software e construção de uma comunidade de desenvolvedores, a Huawei “tem muitas vantagens”, mas enfrenta desafios semelhantes ao resto da indústria ao tentar competir com a Nvidia.

Logo da Nvidia
Nvidia é muito mais do que uma simples produtora de chips altamente tecnológicos (Imagem: JRdes/Shutterstock)

Os desafios enfrentados pelas concorrentes chinesas da Nvidia ficaram evidentes nos últimos dois anos. Em 2022, a Biren Technology realizou uma rodada de demissões, seguida pela Moore Threads no ano seguinte, com ambas as empresas chinesas culpando as sanções dos EUA.

Mas estas e outras startups da China ainda estão esperançosas, procurando arrecadar dinheiro para financiar seus objetivos. A Enflame e a Biren, por exemplo, estão procurando abrir o capital para arrecadar mais dinheiro. O grande problema é que, mesmo que esta alternativa funcione, nenhuma delas terá a capacidade financeira da Huawei, concluiu Triolo.

Em resumo, nenhuma empresa chinesa hoje tem condições de substituir a Nvidia. A que mais pode se aproximar disso é a Huawei, mas ainda há muito a ser feito para que Pequim atinja o seu tão desejado objetivo. As informações são da CNBC.

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EUA querem impedir acesso da China aos chips semicondutores (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Disputa pela hegemonia tecnológica mundial

  • Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.
  • O movimento tem sido chamado de “guerra dos chips“.
  • Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.
  • Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.