Descoberta pode revelar passado (e futuro) climático da Terra

Uma equipe de pesquisadores encontrou uma pista sobre a idade do gelo perto do fundo de uma broca de perfuração
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 02/10/2024 10h39, atualizada em 04/10/2024 01h29
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Cientistas estão buscando núcleos de gelo intactos antigos. Durante esta missão, no entanto, eles descobriram algo que pode ser muito valioso quando se trata de entender o passado e o futuro climático do nosso planeta.

Gelo preserva informações do passado climático da Terra

  • Bolhas de ar presas no gelo e a proporção de isótopos de oxigênio nas próprias moléculas de água podem fornecer uma grande quantidade de informações sobre as condições em que a neve foi depositada.
  • Este é o melhor indicador climático que temos sobre várias épocas.
  • O problema é que o gelo não dura para sempre, mesmo nos polos.
  • Para preservar este material, o fluxo de calor geotérmico do leito rochoso não deve ser alto o suficiente para derreter a camada de gelo mais antiga.
  • Esta, por sua vez, não pode ser tão espessa que isole o calor geotérmico.
Comparação de locais para perfuração em busca do gelo mais antigo do mundo (Imagem: Climate of the Past)

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Descoberta pode revelar a idade de amostras

Como vimos, este não é um processo simples. Mas um novo estudo podem ajudar neste sentido. Uma equipe de pesquisadores encontrou uma pista sobre a idade do gelo perto do fundo de uma broca de perfuração.

Os autores compararam o material coletado durante a perfuração na Antártida com o que foi encontrado em sedimentos oceânicos profundos. Eles concluíram que os sedimentos do chamado U1537, no Atlântico Sul, podem revelar a idade das amostras de poeira.

Estes sedimentos correspondem melhor ao que foi coletado em locais do Planalto Antártico Oriental do que em qualquer outro local de sedimentos oceânicos. O U1537 nos oferece uma amostra que remonta a 1,5 milhão de anos, mostrando como as quantidades e a composição da poeira mudaram ao longo dos anos.

Registros de sedimentos indicam que os ciclos glaciais e interglaciais costumavam ser mais curtos e menos intensos (Imagem: Climate of the Past)

Picos e vales na poeira do gelo, bem como mudanças na composição dessa poeira, permitirão que os perfuradores identifiquem a idade de suas amostras quando calibradas em relação ao U1537, revelando se encontraram o local certo para coletar um núcleo tradicional.

A esperança é que isso ajude a explicar uma mudança dramática do clima ocorrida há cerca de um milhão de anos. Estas informações também podem ser muito valiosas pensando no futuro do nosso planeta. As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Climate of the Past.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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