Cidade brasileira reconhece ondas como seres vivos; entenda o motivo

A proposta da cidade de Linhares, no Espírito Santo, se inspira em iniciativas internacionais, mas é pioneira em relação às ondas do mar
Alessandro Di Lorenzo03/10/2024 06h44
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Imagem: Moersas/Shutterstock
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Uma decisão da Câmara de Vereadores de Linhares, no Espírito Santo, fez com que a cidade se tornasse uma das primeiras no mundo a reconhecer suas ondas como seres vivos. Isso permite que elas sejam consideradas personalidades jurídicas, uma forma de preservação da foz do Rio Doce.

Objetivo é proteger o ecossistema

  • A legislação também nomeou guardiões para representar as ondas em decisões públicas, garantindo a integridade de um dos maiores patrimônios ambientais da região.
  • O projeto de lei se inspira em iniciativas internacionais que já reconhecem elementos naturais como sujeitos de direito, mas é pioneira em relação ao mar.
  • O reconhecimento das ondas tem como um de seus principais objetivos proteger o ecossistema, que ainda sofre os efeitos da lama tóxica despejada no rio após o rompimento da barragem de Mariana.
  • O desastre ambiental afetou diversas cidades ao longo do rio e chegou à foz, em Linhares, no Espírito Santo.
  • Além das vidas perdidas, o rompimento contaminou gravemente o ecossistema da região, com metais pesados impactando a fauna, flora e as ondas da praia de Regência, conhecidas mundialmente pela prática de surf.
  • As informações são do Jornal da USP.
Onda no oceano via Silas Baisch/Unsplash
Onda agora são consideradas seres vivos (Imagem: Silas Baisch/Unsplash)

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Nova lei faz pensar sobre a relação com a natureza

Para a advogada ambiental Vanessa Hasson, diretora executiva da ONG Mapas, especializada pela Faculdade de Saúde Pública da USP, a lei também pode servir como uma ferramenta pedagógica. Segundo ela, a decisão pode despertar um novo entendimento sobre nossa interdependência com a natureza. É uma lei que faz você pensar e agir de forma mais consciente e ecológica, afirmou.

Já o professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP, especialista em ecossistemas marinhos, vê a lei como um importante passo para a conservação costeira: Ele destaca que o reconhecimento da qualidade da onda e das reservas de surf remetem para diferentes significados do ambiente marinho, que precisam ser protegidos.

Ideia é proteger os ecossistemas marinhos (Imagem: munawaekhan/Shutterstock)

O especialista também reforça a importância de entendermos o oceano como um sistema interconectado. Ele explica que a tragédia em Mariana, por exemplo, fez com que uma grande quantidade de lama chegasse à foz do rio Doce, modificando a morfologia da costa e, especialmente, a forma como a onda interage com ela.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

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