Micróbios de 2 bilhões de anos são encontrados por cientistas

Eles estavam isolados da superfície, em um bolsão subterrâneo na África do Sul; seres podem dar respostas sobre a evolução do planeta.
Por Bob Furuya, editado por Lucas Soares 08/10/2024 15h36, atualizada em 11/10/2024 13h18
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Pesquisadores japoneses acabam de descobrir a colônia microbiana mais antiga já registrada no planeta. De acordo com estudo publicado na revista Microbial Ecology, estamos falando em seres de aproximadamente 2 bilhões de anos!

A comunidade científica está animada. Isso por que, até então, a amostra de micróbios mais antiga tinha cerca de 100 milhões de anos (1,9 bilhão de anos a menos). Estamos diante, portanto, de uma das formas de vida mais antigas do planeta. Lembrando que a Terra se formou há 4,5 bilhões de anos – e as primeiras formas de vida teriam cerca de 3,5 bilhões.

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Os micróbios foram encontrados em uma amostra de rocha escavada na África do Sul, mais especificamente em um local chamado Bushveld Igneous Complex. Trata-se de uma formação gigantesca, uma intrusão de aproximadamente 66 mil quilômetros quadrados na crosta terrestre que se formou há 2 bilhões de anos, a partir do resfriamento de magma derretido abaixo da superfície.

Para os cientistas, essa região teria fornecido um habitat estável para a vida microbiana antiga continuar até os dias atuais.

Os testes que confirmaram a idade

  • A rocha tem cerca de 30 centímetros e foi retirada a uma profundidade de 15 metros pelo International Continental Scientific Drilling Program, uma espécie de ONG que escava sítios arqueológicos.
  • Ao cortá-la em fatias finas, os cientistas da Universidade de Tóquio identificaram a presença de células microbianas vivas.
Fotos das amostras da rocha onde estavam esses micróbios de 2 bilhões de anos – Imagem: Suzuki et al., Microbial Ecology , 2024
  • Fizeram novos testes para ter a certeza de que o material não foi alvo de contaminação humana durante o processo de extração.
  • Como esses testes deram negativo, eles tiveram a convicção de que os micróbios eram mesmo “nativos” daquela rocha.
  • A partir daí, os experimentos usaram técnicas de imagem, com infravermelho, corantes e microscopia fluorescente.
  • Em comunicado à imprensa, Yohey Suzuki, autor principal do projeto, chamou a descoberta de “emocionante”.
  • Ele disse que vai coletar novas amostras para ter mais detalhes sobre essa forma de vida.
  • A ideia é analisar o DNA desses micróbios para determinar se eles mudaram ou não dentro desses 2 bilhões de anos.

O impacto da descoberta

As novas análises devem ajudar os cientistas a entender melhor a evolução da vida primitiva e do nosso planeta em si. Mas não só isso. Os pesquisadores acreditam que o estudo pode ajudar a busca por resquícios de vida no espaço:

“Estou muito interessado na existência de micróbios subterrâneos não apenas na Terra, mas também no potencial de encontrá-los em outros planetas”, disse Suzuki.

“O Rover Perseverance, da NASA, está prestes a trazer para a Terra rochas que têm idade similar àquelas que usamos neste estudo. Encontrar vida microbiana em amostras da Terra de 2 bilhões de anos atrás e ser capaz de confirmar com precisão sua autenticidade me deixa animado com o que poderemos encontrar agora em amostras de Marte“, concluiu o cientista.

As informações são do Science Alert.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.