Explosão solar com cinco horas de duração lança jato de plasma contra a Terra

Antes de atingir a Terra, o material ejetado pela explosão solar deve impactar o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS)
Flavia Correia09/10/2024 16h43
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Representação artística de uma explosão no Sol em direção à Terra. Créditos: Artsiom P - Shutterstock
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Na noite de terça-feira (8), às 22h56 (pelo horário de Brasília), a mancha solar AR3848 entrou em erupção, resultando em uma explosão de mais de cinco horas de duração, que disparou um forte jato de plasma em direção à Terra.

De acordo com a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, o material ejetado por essa erupção solar, classificada como X1.8, pode causar uma tempestade geomagnética de classe G4 – considerada severa em uma escala de G1 a G5 – quando atingir a Terra, na quinta-feira (10).

Vamos entender:

  • O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade;
  • Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;
  • Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;
  • No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas em sua superfície, que representam concentrações de energia;
  • À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;
  • De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em ejeções de massa coronal;
  • As erupções são classificadas em um sistema de letras pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;
  • A classe X, no caso, denota os clarões de forte intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;
  • Um X2 é duas vezes mais intenso que um X1, um X3 é três vezes mais intenso, e, assim, sucessivamente.

O Observatório de Dinâmicas Solares (SDO) da NASA registrou o flash ultravioleta extremo do evento da noite passada.

Crédito: SDO/AIA

Normalmente, CMEs mais fortes provocam auroras em latitudes médias e baixas em toda a Europa e nos EUA. 

No nível G4, mais especificamente, há também uma ameaça de problemas generalizados com controle de tensão e impactos à rede que podem afetar alguns sistemas de proteção. Além disso, sistemas de navegação por satélite e de baixa frequência, como GPS, podem ser interrompidos e as operações de espaçonaves também podem ter problemas com carregamento e rastreamento de superfície.

No vídeo abaixo, registrado pelo Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), uma parceria entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA), é possível ver a CME lançada pela explosão e, em paralelo, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS).

Cometa C/2023 A3 passando perto do Sol no exato momento da explosão X1.8 desta terça-feira (8). Crédito: SOHO

É esperado que a CME atinja o C/2023 A3 e a Terra, nessa ordem, com  o cometa sendo golpeado ainda nesta quarta-feira (9). Alguns especialistas acreditam que o impacto pode provocar um “evento de desconexão”, ou seja, “quebrar” a cauda do objeto – algo que já era esperado em relação a uma CME anterior, mas que, ao que tudo indica, não aconteceu.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.