Tratar a IA como ameaça é uma “completa besteira”, diz pesquisador

Segundo o professor e especialista em IA, os modelos de linguagem atuais usados em chatbots não são mais inteligentes do que um gato
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Gabriel Sérvio 14/10/2024 20h35, atualizada em 01/11/2024 14h11
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Yann LeCun, um dos pioneiros da inteligência artificial e professor da Universidade de Nova York e pesquisador sênior da Meta, é cético em relação à ideia de que a IA possa se tornar verdadeiramente inteligente em breve.

Em uma entrevista ao Wall Street Journal, LeCun desafiou a noção de que os modelos de IA atuais representam uma ameaça, afirmando de forma enfática que “isso é uma completa besteira”.

Para ele, os grandes modelos de linguagem (LLMs), como os utilizados em sistemas como o ChatGPT, ainda carecem de habilidades fundamentais que os seres humanos e até mesmo os gatos domésticos possuem, como memória persistente, raciocínio, planejamento e uma compreensão mais ampla do mundo físico.

“Precisamos ter o início de uma sugestão de um design para um sistema mais inteligente do que um gato doméstico”, diz o professor.

Um novo caminho precisa ser traçado para as IAs

  • LeCun argumenta que o problema com a IA de hoje não está na escala — não importa quantas GPUs sejam utilizadas por grandes empresas de tecnologia em seus data centers — mas sim na forma como esses sistemas são projetados.
  • Ele acredita que, para alcançar uma inteligência de nível humano, novas abordagens são necessárias.
  • Isso inclui o desenvolvimento de IAs que operem de maneira diferente das abordagens atuais, que, segundo ele, estão mais focadas em previsões de texto do que em uma verdadeira compreensão.
LeCun descartou previsões catastróficas de que a IA poderia dominar a humanidade – Imagem: Thapana_Studio/Shutterstock

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Um dos projetos que entusiasma LeCun é o trabalho da equipe de Pesquisa Fundamental de IA na Meta, que visa criar modelos capazes de aprender a partir de vídeos do mundo real, de maneira análoga ao aprendizado de um bebê.

Essa abordagem poderia permitir que esses modelos construíssem um entendimento do ambiente a partir das informações visuais que absorvem.

Embora reconheça que os LLMs possam desempenhar um papel em sistemas futuros que incorporam senso comum e habilidades humanas, LeCun enfatiza que, atualmente, esses modelos simplesmente preveem a próxima palavra em um texto.

Inteligência Artificial
Pesquisador destacou necessidade de aprimorar modelos de linguagem que alimentam as IAs – Imagem: Sutthiphong Chandaeng/Shutterstock

Essa capacidade, embora impressionante, pode enganar as pessoas, levando à falsa impressão de que esses sistemas estão raciocinando. “Estamos acostumados à ideia de que entidades que podem manipular a linguagem são inteligentes, mas isso não é verdade”, afirma LeCun. “Manipular a linguagem não significa ser inteligente, e é exatamente isso que os LLMs demonstram.”

Para avançar na pesquisa em inteligência artificial geral, LeCun sugere que uma combinação de novas técnicas e algoritmos será necessária, movendo-se além das abordagens tradicionais que dominam o campo atualmente.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.