Estudo: países emergentes fazem melhor o ‘dever de casa’ contra mudanças climáticas

Estudo mostrou que nações em desenvolvimento têm se adaptado às novas fontes de energia de forma mais acelerada com tecnologia chinesa
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 17/10/2024 06h32, atualizada em 20/10/2024 13h46
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Países do Sul Global estão adotando tecnologias limpas de forma mais rápida do que os do Norte Global. É o que mostra um relatório da organização RMI, antigo Rocky Mountain Institute, consultoria especializada na área de sustentabilidade. 

O estudo aponta que três quartos da demanda de energia em países considerados emergentes estão no “ponto ideal” de mudança para fontes de energias renováveis.

A pesquisa leva em conta o nível de importações de combustíveis fósseis, renda, demanda de energia e recursos renováveis ​​disponíveis. Além disso, considera a porcentagem de crescimento em relação à oferta total, e não o volume absoluto de fontes limpas.

Produção de energia eólica na Alemanha (Imagem: jotily/iStock)

O que o estudo descobriu?

  • Nos últimos cinco anos, a geração solar e eólica no Sul Global cresceu em média 23% ao ano, agora fornecendo 9% de sua eletricidade. A adoção de energia solar e eólica no Sul Global está apenas cinco anos atrás do Norte Global e pode ser igualada até 2030;
  • Em 2024, 87% das despesas de capital em geração de eletricidade nos países emergentes irão para energia limpa;
  • Um quinto do Sul Global, do Brasil ao Marrocos e Namíbia, de Bangladesh ao Egito e Vietnã, já ultrapassou o Norte Global em termos de participação de energia solar e eólica na geração de eletricidade, ou participação de eletricidade na energia final;
  • Com 60% da população global, o Sul Global tem apenas 20% da produção e reservas de combustíveis fósseis, e a produção de petróleo e gás está em declínio. Como resultado, já é um importador líquido de combustíveis fósseis. Em contraste, o Sul Global é rico em renováveis, com 70% do potencial renovável global.

O peso do gigante chinês 

De acordo com o estudo, a tecnologia importada da China tem sido fundamental para o mercado global de transição energética. Os produtos têm ficado cada vez mais baratos, reduzindo custos de produção e impactando no valor final da energia.

Os preços dos paineis solares caíram 60% ano a ano, enquanto as baterias tiveram queda de 50%, e o lítio, 80%, segundo outra pesquisa recente do instituto. Isso igualou o custo da energia limpa com aquela produzida por combustíveis fósseis.

Paineis de energia solar em Xangai, China (Imagem: WangAnQi/iStock)

“Tudo isso é auxiliado pelo apoio da tecnologia chinesa que os países emergentes aplicaram com sucesso em sua própria economia. Enquanto muitos países do norte global, como Estados Unidos, Canadá e União Europeia, impuseram tarifas sobre a tecnologia chinesa, o sul global não o fez. E vemos o sul global se beneficiando pelo acesso a essa tecnologia”, diz Vikram Singh, CEO da RMI em países em desenvolvimento.

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Os investimentos da China em energia limpa ultrapassam US$ 100 bilhões (R$ 568 bilhões pela cotação atual) desde 2023, com capacidade suficiente para atender a demanda do Sul Global. A consultoria estima que o país asiático responda por até 90% de todo o desenvolvimento e cadeia de produção do mercado global de energia solar.

No mercado doméstico, os gastos dos chineses com a transição energética representam o dobro do montante aplicado por Estados Unidos e União Europeia. O país asiático é líder mundial em inovação, P&D, fabricação, instalação e exportação de tecnologias-chave de energia limpa abrangendo solar, eólica, baterias, veículos de nova energia (NEVs), redes, hidrelétrica e hidrogênio verde, segundo a RMI.

“À medida que a COP29 se aproxima, agora é o momento para as políticas dos países refletirem a nova realidade econômica da tecnologia limpa”, conclui o estudo.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.