Ramsés: faraó vai ajudar a defender a Terra de asteroides? Quase isso

Missão europeia para investigação do asteroide Apophis leva o nome do famoso faraó conhecido por defender as fronteiras egípicias de invasões
Flavia Correia21/10/2024 13h57, atualizada em 23/10/2024 21h25
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Um grande passo foi dado pela Agência Espacial Europeia (ESA) para concretizar uma missão que vai investigar o asteroide Apophis, esperado para se aproximar da Terra em 2029.

Na quinta-feira (17), durante o Congresso Internacional de Astronáutica (IAC), o diretor geral da ESA, Josef Aschbacher, assinou um contrato no valor de 63 milhões de euros (aproximadamente R$390 milhões) com a empresa OHB Italia. Com esse acordo, terá início a fase 1 do desenvolvimento da espaçonave Ramsés – sigla em inglês para algo como “Missão Rápida Apophis para Segurança Espacial”.

Curiosidade:

  • Ramsés II ascendeu ao trono como faraó do Egito em 1279 a.C., aos 25 anos de idade;
  • Ele se tornou reconhecido por seu excepcional comando das forças armadas egípcias;
  • Dessa forma, conseguiu conduzir intensas batalhas para proteger as fronteiras do Egito contra invasores;
  • Comparativamente, é o que a missão homônima está sendo projetada para fazer: ajudar a defender a Terra de ataques de asteroides.
Representação artística da missão de defesa planetária Ramses, da ESA. Crédito: ESA-Science Office

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Missão enfrenta cronograma apertado

De acordo com um comunicado, essa missão enfrenta um cronograma apertado e precisa ser lançada no início de 2028 para interceptar o asteroide Apophis, que passará a apenas 31 mil km da Terra em 13 de abril de 2029. Os objetivos incluem estudar a composição e a estrutura da rocha espacial, além de investigar como as forças de maré da Terra influenciam sua coesão.

Ramsés ainda não está totalmente aprovada e financiada. Os estados membros da ESA ainda precisarão liberar os recursos financeiros necessários, o que deve acontecer na próxima reunião do Conselho Ministerial, marcada para 2025. No entanto, a assinatura do contrato já permite que a equipe comece a trabalhar em atividades urgentes, como a conclusão do projeto.

A missão se beneficiará da tecnologia desenvolvida para a espaçonave Hera, lançada no início deste mês para investigar o asteroide Dimorphos, desviado pela NASA em um teste de defesa planetária em 2022. Além disso, o desenvolvimento inicial da sonda Ramsés é financiado com economias geradas pelo projeto Hera, que foi concluído abaixo do orçamento reservado.

Paolo Martino, gerente do projeto Ramsés, revela dificuldade enfrentada para manter o cronograma. “Chegar na hora certa é muito desafiador. Não podíamos esperar pela reunião ministerial, então pedimos aos nossos estados membros que utilizassem os recursos disponíveis”.

Autoridades reunidas para a assinatura do contrato entre a ESA e a empresa OHB Italia para a fase inicial da missão Ramses. Crédito: ESA – P. Sebirot

Asteroide oferece oportunidade única para os cientistas

Com cerca de 375 metros de largura, Apophis é um asteroide notável por sua passagem próxima à Terra, que representa uma oportunidade única para os cientistas. Na ocasião,a rocha deverá ser visível mesmo a olho nu.

Para Holger Krag, chefe do programa de segurança espacial da ESA, a missão Ramsés não só é fascinante, como também essencial para a defesa planetária. “Estamos preparados para fornecer avisos sobre objetos de 30 metros ou maiores e desviar asteroides de até 500 metros, como o Apophis”.

Roberto Aceti, diretor da OHB Italia, destaca que a missão exigirá um gerenciamento ágil e eficiente dos riscos envolvidos. “Se atrasarmos em uma semana, o asteroide já terá passado”.

Além da missão Ramsés, da ESA, a sonda OSIRIS-APEX, da NASA, deverá chegar ao asteroide Apophis um mês após o sobrevoo próximo à Terra. Essas duas missões demonstram a colaboração entre agências espaciais para aprimorar as capacidades de defesa planetária.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.