Compra de voto? EUA se dividem sobre sorteios milionários de Elon Musk

O empresário se aproveitou de algumas brechas na lei para dar dinheiro a eleitores na Pensilvânia; democratas devem pedir investigação.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 21/10/2024 19h31
elon musk
Imagem: Frederic Legrand - COMEO/Shutterstock
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Faltando duas semanas para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, o grande assunto por lá é o bilionário Elon Musk. Mas nada tem a ver com uma de suas empresas, a Tesla ou a SpaceX. Também não tem relação nenhuma com o X (antigo Twitter).

Musk virou notícia por causa de sorteios milionários que vem realizando há alguns dias. No último sábado (19), ele entregou um cheque de US$ 1 milhão a um participante do comício republicano em Harrisburg, Pensilvânia.

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O evento foi organizado pelo America PAC, um grupo criado pelo próprio bilionário para apoiar Donald Trump na disputa de 5 de novembro. Vale destacar que os PACs são comitês previstos na legislação americana – e servem para as pessoas doarem dinheiro ou apoiarem seus candidatos.

Ao mesmo tempo que isso é legal, a lei não permite que você compre o voto de alguém. É crime federal. Musk, no entanto, alega que não está fazendo isso. Segundo ele, sua iniciativa visa apenas compensar algumas pessoas que assinarem uma petição em defesa da liberdade de expressão e das armas.

O problema é que esse prêmio de US$ 1 milhão só vale para quem:
1) assinar a petição;
2) for um eleitor registrado e apto a votar;
e 3) morar em Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia ou Wisconsin.

As eleições presidenciais dos EUA vão acontecer no dia 5 de novembro, uma terça-feira – Imagem: QubixStudio/Shutterstock

Democratas querem investigação

  • Esses 7 estados citados acima são os chamados estados-pêndulo.
  • Diferentemente do que ocorre no Brasil, o vencedor das eleições americanas não não é aquele que obtém o maior número total de votos, mas sim aquele que vence na maior quantidade de estados.
  • Historicamente, existem estados americanos que são democratas e outros que são majoritariamente republicanos.
  • Historicamente também, existem aqueles estados que votam ora em um, ora em outro – e eles receberam o nome de pêndulo justamente por esse movimento de ir para um lado e para o outro.
  • Acontece que os 7 estados escolhidos por Musk para participarem do sorteio milionários são justamente aqueles que podem definir o vencedor da disputa.
  • O governador da Pensilvânia, o democrata Josh Shapiro, defendeu uma investigação do caso.
  • Na Pensilvânia, aliás, Musk prometeu não só o sorteio de US$ 1 milhão, mas também US$ 100 para cada signatário que indicar outro.
  • Os democratas avaliam tomar alguma medida contra essa iniciativa do bilionário – que pode acabar indo para o tribunal.
  • O problema é que faltam poucos dias para a eleição, ou seja, não daria tempo de parar esses sorteios.
  • Lembrando que as eleições dos EUA estão marcadas para o dia 5 de novembro, uma terça-feira.
  • O embate se dará entre a atual vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump.
  • O resultado costuma demorar, uma vez que o país ainda utiliza o voto impresso (e a contagem é manual).
Quais são os direitos de quem trabalha nas eleições
Essa foto não é dos Estados Unidos – até por que eles ainda utilizam o voto impresso (e a contagem é manual, por isso a demora em divulgar o vencedor) – Imagem: Andre Goldstein/Shutterstock

Como funciona no Brasil?

No Brasil, compra de votos também é crime! E não estamos falando somente em dinheiro. Oferecer um cargo público, por exemplo, também é ilegal se isso for vinculado ao voto.

A chamada captação de sufrágio se caracteriza quando um candidato oferece bens ou vantagens pessoais a um eleitor em troca de seu voto. A prática é proibida desde o registro da candidatura até o dia da eleição.

Se comprovada, a irregularidade pode levar à cassação do registro ou diploma do candidato – além da aplicação de uma multa.

Vale destacar que algumas cidades brasileiras voltarão às urnas no próximo domingo (27), para o segundo turno das eleições municipais.

As informações são do The Verge.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.