Cientistas criam embriões de galinha sem casca; saiba mais

Cientistas japoneses desenvolveram embriões de galinha sem casca, permitindo a observação em tempo real de seu desenvolvimento
Ana Luiza Figueiredo22/10/2024 12h02
ovo com embrião dentro visto contra a luz
(Imagem: malshkoff / Shutterstock.com)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Cientistas japoneses alcançaram um marco ao criar embriões de galinha fora da casca do ovo, permitindo a observação completa de seu desenvolvimento em tempo real. O novo sistema usa filme plástico transparente, visualizando os embriões desde a fase de blastoderme até a eclosão, superando a limitação da opacidade das cascas naturais.

No entanto, os pesquisadores enfrentaram desafios com a viabilidade dos embriões, como taxas de eclosão baixas e anomalias, que devem ser superados para aprimorar a técnica. A pesquisa foi descrita em um artigo publicado na Scientific Reports.

Inovação no cultivo de embriões sem casca

O desenvolvimento de embriões fora da casca sempre foi um desafio devido à opacidade da estrutura calcária. Pesquisas anteriores tentaram criar cascas artificiais transparentes, mas falharam, pois o ambiente controlado não replicava as condições fisiológicas corretas. Tentativas de remover embriões após três dias de incubação resultaram no ressecamento da membrana do vitelo, prejudicando o desenvolvimento.

Com a nova técnica, os embriões são cultivados desde o início em vasos de cultura feitos de filme plástico transparente, eliminando a necessidade de casca artificial. Para evitar o ressecamento, os pesquisadores usaram um agitador rotativo com inclinação de 7 graus, garantindo a movimentação adequada dos fluidos.

pintinho e galinha
Pintinhos desenvolvidos dentro de ovos transparentes (Imagem: Katsuya Obara via Independent)

Acompanhamento em tempo real

O sistema permitiu o monitoramento dos embriões durante todo o período de incubação. No 21º dia, alguns embriões eclodiram, embora as taxas de sucesso tenham sido baixas.

As dificuldades incluíram anomalias como hipoplasia ocular e dismorfogênese craniofacial, indicadas no artigo. Ainda assim, a técnica representa um avanço, permitindo a observação omnidirecional das mudanças morfológicas, o que abre novas perspectivas para estudos experimentais.

Essa inovação promete beneficiar áreas como toxicologia e pesquisa de células-tronco, facilitando o monitoramento detalhado de embriões durante experimentos. Contudo, a baixa taxa de eclosão e as anomalias observadas mostram que ajustes ainda são necessários para otimizar o processo.

A imagem mostra o desenvolvimento embrionário de embriões visíveis de cSLCS e pintinhos (com 4 dias e 9 meses de idade). O desenvolvimento embrionário é ilustrado desde o estágio do blastoderma até a eclosão, com a foto do dia 10 de incubação tirada antes da aplicação de pó de carbonato de cálcio. A barra de escala é de 1 cm. (Imagem: Obara et al. / Scientific Reports)

Leia mais:

Detalhes da técnica

  • Os embriões foram cultivados desde o início em um sistema sem casca feito de filme plástico transparente.
  • O uso do filme permite a visualização em tempo real do desenvolvimento do embrião.
  • Um agitador rotativo foi usado para manter a circulação dos fluidos ao redor do embrião.
  • A placa do agitador foi inclinada a 7 graus para otimizar o fluxo de fluidos.
  • Os embriões foram observados durante todo o processo de incubação, até a eclosão.
  • A técnica evitou o ressecamento da membrana do vitelo, problema comum em tentativas anteriores.

Impactos e desafios futuros

Embora o desenvolvimento de embriões sem casca represente um avanço considerável, os cientistas ainda enfrentam obstáculos, como a viabilidade limitada dos embriões e a necessidade de ajustes no sistema para aumentar as taxas de eclosão. Melhorar as condições do ambiente de cultivo será essencial para alcançar maiores sucessos no futuro.

Com a técnica aprimorada, a biologia do desenvolvimento avícola pode avançar significativamente. “Este sistema servirá como uma ferramenta poderosa em várias disciplinas, como toxicologia, pesquisa com células-tronco, bioimagem e medicina regenerativa”, afirmaram os pesquisadores.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.