El Niño e La Niña eram ainda mais intensos no passado, revela estudo

De acordo com pesquisadores, o El Niño e o La Niña vêm ocorrendo nos últimos 250 milhões de anos, alterando o clima do nosso planeta
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 22/10/2024 11h21, atualizada em 23/10/2024 21h29
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Você provavelmente já ouvir falar do El Niño e do La Niña. Estes fenômenos estão acentuando as mudanças climáticas no nosso planeta. Mas, segundo um novo estudo, eles vêm ocorrendo nos últimos 250 milhões de anos e eram significativamente mais fortes no passado.

O que causam estes fenômenos climáticos?

  • O El Niño e o La Niña fazem parte do ciclo El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que é o resultado da variação nas temperaturas do oceano no Pacífico Equatorial.
  • Em condições normais, os ventos que sopram para oeste ao longo do equador levam a água quente da América do Sul para a Ásia.
  • No entanto, estes fenômenos climáticos causam interrupções nesse processo, afetando os padrões climáticos em todo o mundo.
  • O El Niño resulta no aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial, enquanto o La Niña causa o seu resfriamento.
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El Niño intensifica mudanças climáticas (Imagem: neenawat khenyothaa/Shutterstock)

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Previsão é de intensificação do El Niño no futuro

Embora essa oscilação de temperaturas seja extremamente problemática hoje, os pesquisadores concluíram que elas foram mais intensas no passado. O novo estudo, publicado na revista PNAS, revelou que a magnitude destes fenômenos no passado dependia de dois fatores: a estrutura térmica do oceano e o que eles chamam de “ruído atmosférico” dos ventos da superfície do oceano.

Usando as mesmas ferramentas de modelagem climática do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a equipe conseguiu simular as condições climáticas de 250 milhões de anos atrás. Essas ferramentas são geralmente usadas por pesquisadores do clima para prever desenvolvimentos futuros devido às mudanças climáticas, mas também podem ser executadas para vislumbrar o que já aconteceu.

Fenômeno consiste no resfriamento anômalo das águas (Imagem: Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA)

A conclusão foi que, em diferentes pontos do passado, a radiação solar que chegava ao planeta era cerca de 2% menor do que é agora, mas, ao mesmo tempo, os níveis de COeram mais altos, o que tornava a atmosfera e os oceanos mais quentes do que hoje.

Em particular, há 250 milhões de anos, durante a Era Mesozoica, a América do Sul estava localizada no meio do supercontinente Pangeia, e as oscilações climáticas ocorreram a oeste, em Panthalassa – o vasto superoceano que cercava a enorme massa de terra.

Essas simulações são valiosas para entender como o ENOS pode se comportar à medida que as mudanças climáticas continuam. O trabalho sugere que os fenômenos climáticos serão influenciados no futuro, podendo voltar a apresentar intensidades maiores nos próximos anos.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.