Tirar amostra de sangue pode ser menos assustador em breve; saiba motivo

Pesquisadores desenvolveram dispositivo portátil que analisa gota de sangue a partir de biomarcadores em menos de 70 minutos
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 22/10/2024 06h30, atualizada em 01/11/2024 14h22
Cientista analisando amostra de sangue
Dispositivo ainda vai passar por novos estudos antes de ser comercializado (Imagem: Divulgação/CU Boulder)
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Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder (Estados Unidos) criaram método que pode simplificar — e muito — a coleta de amostras de sangue em consultas médicas. O novo dispositivo portátil escaneia biomarcadores presentes em única gota de sangue em menos de uma hora.

Isso significa que, em breve, será possível coletar amostras apenas com uma picada no dedo, como aquelas feitas por pacientes com diabetes. A ideia é reduzir não só a taxa de desistência de pacientes com receio de agulhas, mas, também, facilitar atendimentos médicos em áreas remotas.

“Desenvolvemos tecnologia que é muito fácil de usar, pode ser implementada em vários ambientes e fornece informações de diagnóstico valiosas em curto espaço de tempo”, disse o autor sênior Wyatt Shields, professor assistente do Departamento de Engenharia Química e Biológica da Universidade do Colorado em Boulder.

Dispositivo analisa sangue em menos de uma hora (Imagem: Divulgação/UC Bolder)

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Como funciona a nova tecnologia?

O ingrediente secreto do dispositivo são as chamadas partículas de contraste acústico negativo funcional (fNACPs, na sigla em inglês), projetadas para responder à pressão de ondas sonoras. 

As substâncias têm o tamanho de uma célula e podem ser revestidas com diferentes materiais para capturar um biomarcador específico, como um vírus infeccioso ou uma proteína considerada bandeira vermelha para um problema de saúde.

Quando uma pequena quantidade de sangue é misturada com as partículas personalizadas e colocada dentro da pipeta acústica, as ondas sonoras forçam as partículas para a lateral de uma câmara, onde ficam presas enquanto o restante do sangue é expelido.

Amostra de sangue é analisada a partir de acustofluídica (Imagem: Divulgação/UC Bolder)

Os biomarcadores restantes, anexados às partículas, são então marcados com luzes fluorescentes e atingidos por lasers para determinar a quantidade presente. Tudo ocorre em menos de 70 minutos em pipeta que cabe na palma da mão.

“Estamos, basicamente, usando ondas sonoras para manipular partículas para isolá-las rapidamente de um volume muito pequeno de fluido”, disse Cooper Thome, especialista no estudo de “acustofluídica”. “É uma maneira totalmente nova de medir biomarcadores sanguíneos.”

De acordo com a pesquisa, o dispositivo é útil para avaliar não apenas se um paciente tem uma doença infecciosa, mas, também, qual é sua carga viral e o quão rápido está crescendo.

O estudo é uma prova de conceito, e mais pesquisas são necessárias antes que o dispositivo possa ser comercializado.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.