Antes referências, crise de duas empresas preocupam os EUA; saiba quais

Desafios de competitividade e inovações perdidas ameaçam futuro econômico e tecnológico destas empresas do país norte-americano
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Rodrigo Mozelli 22/10/2024 04h30, atualizada em 01/11/2024 14h15
Mapa da América do Norte com um cifrão em cima
Crise das empresas dos EUA pode favorecer china (Imagem: gvictoria/Shutterstock)
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Intel e Boeing, duas das empresas mais admiradas dos EUA, enfrentam desafios significativos que podem afetar não apenas suas operações, mas, também, a economia e a segurança nacional do país, conforme mostra análise do The Wall Street Journal.

Nos últimos cinco anos, o valor de mercado combinado das duas caiu pela metade. A Intel suspendeu seus dividendos, demitiu funcionários e reduziu gastos, enquanto a Boeing lidou com investigações sobre acidentes, atrasos na produção e greves, levantando preocupações sobre sua viabilidade futura.

Ambas as empresas estão inseridas em contexto geopolítico em que os EUA estão em disputa com a China, não apenas em termos de poder militar, mas, também, na busca pela liderança em tecnologia e inovação.

Apesar de esforços, como tarifas e subsídios, esses esforços não resolvem a raiz do problema, a perda de competitividade da Intel e da Boeing em mercado global cada vez mais exigente.

Decisões que deixaram Intel e Boeing para trás

  • Historicamente, Intel e Boeing foram ícones da manufatura estadunidense, conhecidas por sua excelência técnica e inovação;
  • No entanto, suas culturas corporativas mudaram para priorizar resultados financeiros em detrimento de qualidade e engenharia;
  • A Intel, por exemplo, perdeu a oportunidade de fabricar chips para o iPhone, subestimando sua importância e, agora, luta para acompanhar a rápida evolução tecnológica, especialmente no campo da inteligência artificial (IA);
  • Por sua vez, a Boeing tentou economizar tempo e dinheiro ao modificar seu popular 737 em vez de realizar redesign completo, resultando em sérios problemas de segurança.

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Enquanto outras fabricantes de chips ascendem, Intel enfrenta problemas financeiros (Imagem: Apropos/Shutterstock)

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As consequências da crise dessas empresas se estendem além de suas próprias finanças. A Intel é a única companhia estadunidense capaz de competir com a TSMC, gigante taiwanesa de semicondutores, e sua queda afetaria todo o ecossistema tecnológico dos EUA, especialmente se a China avançar sobre Taiwan.

Por outro lado, a Boeing é a maior exportadora de manufatura do país, e a perda de sua expertise em aviação pode levar à dependência crescente de fabricantes estrangeiros, como Airbus e Comac, esta última da China.

Diante desses desafios, é imperativo que os líderes empresariais e políticos reconheçam a importância de revitalizar a manufatura estadunidense.

Mudanças no 737 fizeram Boeing se prejudicar no mercado da aviação (Imagem: VDB Photos/Shutterstock)

A busca pela excelência deve ser priorizada sobre os lucros de curto prazo e é necessário esforço conjunto para garantir que as empresas estadunidenses possam competir de forma eficaz no mercado global.

A recuperação da Intel e da Boeing não é apenas uma questão de sobrevivência corporativa, mas uma questão de segurança econômica e tecnológica para os Estados Unidos.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.