O Departamento de Defesa dos Estados Unidos quer atrair diretores de tecnologia e outros profissionais sênior para posições de alto escalão como reservistas. A ideia é que os executivos assumam funções por meio período em projetos de curto prazo focados em segurança cibernética e análise de dados, segundo o The Wall Street Journal.
“Estamos criando essa base industrial de pessoas que nos ajudará a resolver nossos problemas e desafios de segurança nacional nas próximas décadas”, disse Brynt Parmeter, diretor de gestão de talentos do departamento, à publicação.
Um grupo inicial com algumas dezenas de funcionários do setor privado deve começar o serviço militar até setembro do ano que vem. A expectativa é expandir as atividades para milhares de reservistas nos próximos dois anos. O governo tem buscado novos talentos com ajuda do diretor da Palantir Technologies, que vende software de inteligência artificial para militares.

Os recrutas de tecnologia ingressariam na reserva em uma nomeação de médio ou alto escalão, como major ou tenente-coronel na reserva do Exército e da Força Aérea ou tenente-comandante ou comandante na Reserva da Marinha, segundo a reportagem.
Atualmente, o Exército americano tem mais de 700 mil reservistas que participam do treinamento um fim de semana por mês e duas semanas por ano. Os executivos poderiam ter uma rotina semelhante e provavelmente “não seriam convocados para a batalha”, de acordo com Parmeter.
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Mudança de visão
Alguns estados já colocaram em prática programas de recrutamento de civis com habilidades em segurança cibernética para auxiliar fuzileiros navais. As Forças Armadas também têm iniciativas de reserva para profissionais médicos e jurídicos.
O cenário mostra uma reviravolta na relação do Pentágono com o Vale do Silício. Os conflitos na Europa e a guerra comercial com a China têm exigido do governo americano estratégias focadas em novas tecnologias, incluindo chips de inteligência artificial.
Em paralelo, as empresas de tecnologia militar estão recebendo cada vez mais investimentos do mercado. Para se ter uma ideia, em 2013, o setor recebeu US$ 2 bilhões (um pouco mais de R$ 11,3 bilhões pela cotação atual). Já em 2023, as empresas privadas investiram US$ 35 bilhões em tecnologias de defesa (cerca de R$ 199 bilhões), de acordo com dados da PitchBook, como mostra a reportagem.