Idosa nepalesa tecendo algodão em um dia ensolarado, com a Cordilheira Annapurna, no Nepal, ao fundo. - Imagem: Shutterstock/Keshav Dulal
Milhares de anos após o surgimento das primeiras civilizações humanas, continuamos a evoluir. Nem todos os ambientes do mundo são propícios para a vida humana, mas, curiosamente, seguimos nos adaptando ao longo de gerações.
Um exemplo notável disso está ocorrendo no Planalto Tibetano. Ali, onde o oxigênio é escasso, os corpos dos habitantes desenvolveram adaptações que lhes permitem prosperar em um local onde muitos outros enfrentariam dificuldades respiratórias.
Em um estudo recente da Case Western Reserve University, pesquisadores analisaram modificações no organismo de 417 mulheres, entre 46 e 86 anos, que vivem no Nepal, avaliando a porcentagem de nascidos vivos neste grupo.
Os detalhes do estudo, que mostram como essas mulheres estão desenvolvendo características únicas de sobrevivência, foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Para entender como o corpo humano está evoluindo, os pesquisadores avaliam uma série de fatores que compõem o que a ciência chama de aptidão evolutiva. Um dos mais importantes é o sucesso reprodutivo, ou seja, a capacidade de transmitir traços e características para as próximas gerações.
As características de sobrevivência são mais prováveis de serem encontradas em mulheres que enfrentam o estresse da gravidez em um ambiente desfavorável e conseguem dar à luz bebês vivos. Esses filhos provavelmente herdam os traços que aumentam suas chances de sobrevivência e, posteriormente, também os transmitirão, garantindo a continuidade e adaptação das futuras populações.
Não são apenas os traços físicos que influenciam as chances de as nepalesas transmitirem suas características de sobrevivência; fatores culturais também desempenham um papel. Segundo o estudo, mulheres que começam a se reproduzir jovens e têm casamentos longos parecem ter uma maior exposição à possibilidade de gravidez, o que também aumenta o número de nascidos vivos.
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Independentemente disso, os fatores físicos claramente desempenham um papel crucial nas chances de reprodução e sobrevivência das nepalesas. Mulheres cujos corpos funcionam de maneira mais eficiente em ambientes de baixa altitude tendem a ter maior sucesso reprodutivo. Ou seja, essas mulheres possuem adaptações físicas que as tornam mais eficientes na reprodução, mesmo diante do desafio da baixa concentração de oxigênio.
Estamos tendo a chance de ver a evolução humana ocorrer em tempo real no Planalto Tibetano. Isso é uma oportunidade única para entender mais sobre o processo evolutivo da nossa espécie.
Este é um caso de seleção natural contínua. Compreender como populações como essas se adaptam nos proporciona uma visão mais aprofundada dos processos de evolução humana
Cynthia Beall, autora da pesquisa, em comunicado.
Esta post foi modificado pela última vez em 22 de outubro de 2024 16:15