A cidade futurista que virou cidade-fantasma e custou bilhões

A ideia é que a cidade se estendesse por 31 quilômetros quadrados e fosse composta por quatro ilhas artificiais e 700 mil apartamentos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 25/10/2024 08h08
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Imagem: Cryptographer/Shutterstock
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Um mega empreendimento chamado de “paraíso dos sonhos” foi iniciado em 2014 na Malásia. Comandado pela gigante do setor imobiliário chinês Country Garden, o projeto previa a construção de uma cidade futurista de luxo. Dez anos depois, no entanto, Forest City mais parece uma cidade-fantasma.

Cidade teria 700 mil apartamentos

  • No total, cerca de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 570 bilhões) foram investidos na criação da cidade.
  • A ideia é que Forest City se estendesse por 31 quilômetros quadrados e fosse composta por quatro ilhas artificiais, abrigando 700 mil apartamentos.
  • No entanto, apenas uma ilha, com 26 mil casas, foi finalizada.
  • O restante do projeto foi paralisado por uma série de problemas, entre eles a falta de dinheiro.
  • As informações são do The New York Times.
Cidade de luxo foi construída na Malásia (Imagem: reprodução/Forest City)

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Projeto não foi abandonado, garante empresa

A Country Garden paralisou as obras no ano passado em mais um sinal de que a bolha imobiliária da China teria estourado. Centenas de milhares de compradores estão processando a empresa e aguardam a entrega das moradias.

Mesmo assim, a gigante chinesa garante que o projeto não foi arquivado. Segundo a Country Garden, “o desenvolvimento e a construção razoáveis serão realizados de acordo com a demanda”. A empresa diz que 80% de seus apartamentos foram vendidos a compradores de mais de 20 países, mas se recusou a informar quantas pessoas efetivamente estão morando em Forest City hoje.

Este é apenas um dos obstáculos envolvendo o empreendimento. A construção foi interrompida por meses para avaliar o impacto ambiental depois que autoridades em Cingapura, a poucos quilômetros da Malásia, levantaram preocupações sobre a construção. Dois anos depois, a China, temendo o colapso de sua moeda uma vez que o dinheiro estava saindo do país, impediu que cidadãos chineses comprassem propriedades na Malásia e em outras nações.

Apenas algumas moradias foram entregues até agora (Imagem: reprodução/Forest City)

As autoridades locais, que têm uma participação financeira de 40% em Forest City, tentaram manter o projeto vivo e prometeram transformá-lo em uma zona financeira especial. No mês passado, ainda retiraram todos os impostos sobre os chamados escritórios familiares de investidores ricos.

No entanto, nada indica que o projeto vai ser bem-sucedido. Hoje, as poucas construções finalizadas estão abandonadas e Forest City se transformou em uma verdadeira cidade-fantasma. A maioria das pessoas que frequentam o local são turistas chineses, além de poucos trabalhadores da Indonésia, Nepal, Paquistão e Bangladesh que atuam incansavelmente para manter as coisas funcionando.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.