Guerra dos chips: China acaba de dificultar a vida de seus concorrentes

As novas restrições dão ao governo da China uma maior autoridade para decidir quais empresas estrangeiras podem receber os suprimentos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 28/10/2024 09h43, atualizada em 29/10/2024 21h29
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China responde por quase a totalidade dos minerais usados mundialmente na fabricação de chips de computador. E, em meio às sanções impostas pelos Estados Unidos contra o país, os chineses viram uma oportunidade de revidar contra os norte-americanos.

Pequim anunciou nas últimas semanas uma série de medidas que tornam ainda mais difícil para as empresas estrangeiras, particularmente as fabricantes de semicondutores, comprar metais e outros minerais extraídos e refinados na China. O objetivo destas novas restrições é garantir a manutenção do domínio de mercado chinês.

China vai decidir quais empresas poderão receber os produtos

A partir de agora, os exportadores devem fornecer às autoridades chinesas rastreamentos detalhados e um passo a passo de como as remessas dos materiais serão usadas nas cadeias de suprimentos ocidentais. Isso concede à China uma maior autoridade para decidir quais empresas estrangeiras podem receber os suprimentos.

Ao mesmo tempo, Pequim está assumindo uma maior propriedade corporativa sobre a mineração e a produção dos metais. As duas últimas refinarias de propriedade estrangeira no país estão sendo adquiridas por companhias estatais, deixando 100% da produção nas mãos do governo. As informações são do The New York Times.

Novas restrições dão à China uma maior autoridade para decidir quais empresas estrangeiras podem receber os suprimentos (Imagem: H_Ko/Shutterstock)

Em setembro deste ano, o Ministério do Comércio da China já havia restringido as exportações de antimônio, um material usado em semicondutores, explosivos militares e outros armamentos. No ano passado, Pequim ainda estabeleceu novos controles de exportação de dois outros elementos químicos, gálio e germânio, também necessários para fabricar chips.

Em meio a este cenário, a Casa Branca emitiu um comunicado recentemente afirmando que “a China conquistou o mercado de processamento e refino de minerais críticos, deixando os EUA e nossos aliados e parceiros vulneráveis a choques na cadeia de suprimentos e minando a segurança econômica e nacional. Já os chineses dizem que estão tomando medidas para conservar recursos naturais escassos, desencorajar a proliferação de armas e proteger a segurança nacional do país.

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EUA querem impedir acesso da China aos chips semicondutores (Imagem: William Potter/Shutterstock)

Disputa pela hegemonia tecnológica mundial

  • Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.
  • O movimento tem sido chamado de “guerra dos chips“.
  • Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.
  • Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.